A afirmação de Glauco Arbix tem a ver com os prejuízos que a pandemia de coronavírus trouxe para o sistema educacional de todo o mundo, mas principalmente para aqueles países onde o governo pouco fez para melhorar a situação, como o Brasil, por exemplo
Dados divulgados pelo Unicef dão conta de que 630 milhões de estudantes foram afetados por causa do fechamento total ou parcial das escolas, situação que deve ser atribuída à pandemia de coronavírus. “Do ponto de vista do planeta, a interrupção da educação significou que milhões de crianças perderam o aprendizado que teriam adquirido se tivessem em sala de aula”, diz Glauco Arbix em sua primeira coluna do ano, acrescentando que as que mais sofreram com isso foram as crianças mais novas, as mais pobres e as mais vulneráveis. As perdas foram sentidas inclusive em habilidades consideradas básicas, como a alfabetização. Em países de renda média, como o Brasil, o fechamento de escolas deixou 70% das crianças de 10 anos incapazes de ler ou entender um texto simples. Note-se que antes da pandemia o déficit era de 50%.
Para Arbix, no que diz respeito especificamente ao Brasil, a responsabilidade por esse déficit é do governo federal, “que não coordenou esse tipo de atividade. Então, o resultado é que três em cada quatro crianças estão fora dos padrões de leitura, um número muito acima da média que a gente tinha antes da pandemia”. Em resumo: as perdas educacionais sofridas pelas crianças, nos últimos dois anos, estão chegando a um ponto praticamente sem retorno. Ainda segundo o colunista, embora seja fundamental retomar as aulas presenciais, apenas reabrir escolas não será suficiente. “O que a gente espera é que os governos, especialmente o governo federal, acelere para recuperar pelo menos em parte esse tempo perdido.” O Brasil tem exemplos que podem servir de guia, como o de Sobral, no Ceará, ou mesmo o de Pernambuco.
Ele conclui: “Eu espero que 2022 seja um ano de mudanças, que o MEC deixe de ser um centro organizador de guerrilha cultural e que as eleições sejam um momento de deixar o passado, a confusão que o País vive por conta do Bolsonaro. Tenho certeza de que é possível unificar o País e fazer da educação uma prioridade nacional”.
Fonte: Jornal da USP
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