O estado de São Paulo solicitou em fevereiro de 2020 cerca de R$ 381 milhões para cinco obras de mitigação de enchentes nas cidades de Mauá, Franco da Rocha, Guarulhos e na capital.
No pedido, o governo paulista argumentava que a rede de drenagem da região metropolitana não estava adequada às mudanças de regime de chuvas já previstas em decorrência das mudanças climáticas. E que uma adaptação seria urgente. O governo federal negou o pedido.
Dos 5 piscinões projetados, 2 ficariam em Franco da Rocha, onde viviam a maior parte das 27 pessoas que morreram em deslizamentos e alagamentos causados por chuvas extremas no estado. A história é contada em detalhes pela Folha e pelo g1.
Em visita às regiões atingidas, Bolsonaro afirmou que a tragédia ocorreu porque “faltou visão de futuro” – mas ele se referia às vítimas que construíram suas casas em áreas de risco. Agora o socorro às cidades afetadas vai custar R$ 471,8 milhões, segundo o governo do estado. E mais uma vez, o governo federal nega os recursos, informa a Folha, indicando que a possível ajuda, se vier, será feita diretamente aos municípios.
Após quase dois anos de pandemia, nenhum brasileiro ignora que tragédias humanitárias não estão acima das disputas políticas do presidente. O quanto este tipo de decisão contribui para aumentar a mortalidade gerada por eventos extremos? Enquanto a resposta para esta pergunta amadurece, São Paulo terá que lidar com outra consequência das chuvas intensas que lá caem deste começo do ano: o aumento consistente dos casos de dengue e o ressurgimento de Zika e Chikungunya. Tudo isso no momento em que os hospitais estão novamente sobrecarregados pelo impacto da variante ômicron da COVID-19. Camila Turtelli e Matheus Lara abordam este desafio no Estadão.
Fonte: ClimaInfo
Comentários