Espero que possamos encontrar alternativas para construir infraestrutura sem destruir a biodiversidade e um conjunto mínimo de prioridades. As pegadas de destruição precisam ser transformadas em caminhos para a prosperidade.
Por Augusto Cesar Rocha
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Faltam espaços para um verdadeiro diálogo da Amazônia com o Brasil. De maneira geral, quem mora pela região se percebe fora da conversa sobre o seu próprio destino. Na nossa visão, os que estão no centro do poder nacional, não ouvem quem mora na Amazônia, como se a área fosse inabitada ou habitada por um povo imaginário e bárbaro que precisasse ser subjugado, talvez como um resquício da Cabanagem, quando cerca de 20% da população perdeu a vida em 1835, segundo a historiadora Mary Del Priore. Claro que esse imaginário pode ser distante da realidade contemporânea, se os diálogos acontecerem, transcendendo a ignorância e a violência de um passado não tão distante.
Esforçando-se para realizar o desafio, a Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP), vem fazendo a série Diálogos Amazônicos. Na segunda-feira, 05/09, será a vez do programa enfrentar o tema da infraestrutura, onde um especialista de renome nacional, Claudio Frischtak, Sócio Fundador da Inter.B, dialogará comigo com respeito ao assunto. Um tanto incomodado, pelo texto autocentrado, registro que sou admirador deste trabalho dos Professores Marcio Holland e Daniel Vargas neste esforço de dialogar com a Amazônia.
A questão da infraestrutura no Brasil vem recebendo menos recursos do que o necessário, é o que aponta, faz anos, Claudio Frischtak, em seus incontáveis estudos pelo Brasil, que traçam um panorama amplo das deficiências e oportunidade para a infraestrutura do país. Trazer seu olhar especializado e fortemente baseado em fatos e dados, voltando-o para o potencial da Amazônia é uma ação de grande relevância econômica para o Brasil. O respeito ao meio ambiente e a realização deste potencial, que vem sendo eternamente adiado, é um grande desafio incompreendido, pois se soubéssemos como fazê-lo, certamente já teríamos feito. Realizar obras de grande porte sustentáveis é algo ainda não resolvido.
Espero que na conversa, que acontecerá em https://eesp.fgv.br/evento/webinar-dialogos-amazonicos-desafios-da-infraestrutura-na-amazonia-brasileira,consigamos chegar a algum consenso mínimo. Dentre o que espero encontrar, com certeza estará o caminho para o rompimento de uma deficiência secular de planejamentos não realizados. Espero que possamos encontrar alternativas para construir infraestrutura sem destruir a biodiversidade e um conjunto mínimo de prioridades. As pegadas de destruição precisam ser transformadas em caminhos para a prosperidade. Será que encontraremos estes caminhos? Fica o convite para o leitor assistir ao Webinário – 05/09/2022, 18h-19h, no horário de Manaus.
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