As imagens impressionam. Um sobrevoo feito pelo Greenpeace Brasil, a partir de informações prestadas por indígenas da Terra Yanomami, em Roraima, documentou uma estrada clandestina de cerca de 150 km de extensão dentro do território, aberta com maquinário pesado, como escavadeiras hidráulicas.
A abertura da estrada mostra como o garimpo “subiu de patamar” nos últimos tempos na Terra Yanomami. Por décadas, o território conviveu com a presença de garimpeiros, mas nada se compara com o que foi experimentado nos últimos quatro anos, sob o incentivo explícito do governo Bolsonaro. A explosão do garimpo acontece às claras, com equipamentos caríssimos de grande porte, derrubando a floresta em ritmo industrial e espalhando doenças e medo entre as comunidades indígenas.
Historicamente, o garimpo sempre dependeu de pequenos aviões para chegar aos locais mais distantes. Com a estrada, a exploração ilegal de minérios ganha impulso inédito: além de facilitar a retirada de ouro e cassiterita, a via permite também a construção de estruturas que apoiam o crime ambiental, como postos de abastecimento e acampamentos.
Um motivo de temor particular é a proximidade da estrada clandestina com uma aldeia do Povo Moxihatëtëa, que vive em isolamento voluntário dentro da TI Yanomami. Na década de 1990, a etnia chegou a ser considerada extinta, mas desde 2011 a FUNAI monitora um grupo remanescente que resiste dentro da reserva. A presença de garimpeiros pode levar doenças aos indígenas isolados, além de causar conflitos violentos.
Desespero vivido pelos Yanomami
“Essa estrada potencializa o caos produzido pelo garimpo ilegal e aprofunda o desespero vivido pelos Yanomami”, afirmou Danicley de Aguiar, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil. “Impedir o avanço do garimpo na TI Yanomami deve ser a prioridade número um do próximo governo; do contrário, assistiremos um ciclo de destruição ainda não experimentado nesse ponto do país”.
O Fantástico (TV Globo) mostrou as imagens do sobrevoo e destacou como o avanço do garimpo ameaça as comunidades indígenas na Terra Yanomami. O Guardian também abordou essa notícia.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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