Atlas da Mata Atlântica revela que bioma perdeu uma área de floresta equivalente a mais de 20 mil campos de futebol
Hoje, 27 de maio, é celebrado o Dia da Mata Atlântica, um dos maiores biomas do mundo em biodiversidade e atualmente um dos mais ameaçados – o bioma conta apenas com 12% de sua área original e cerca de 7% da sua cobertura original em bom estado de conservação. E esta devastação aumentou ainda mais: no último ano, o desmatamento da Mata Atlântica cresceu 66%.
De acordo com o Atlas da Mata Atlântica, entre 2020 e 2021 foram desmatados 21.642 hectares (ha) da Mata Atlântica, um crescimento de 66% em relação ao registrado entre 2019 e 2020 (13.053 ha) e 90% maior que entre 2017 e 2018, quando se atingiu o menor valor de desflorestamento da série histórica (11.399 ha).
O Atlas da Mata Atlântica é realizado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e, a edição deste ano, revela que a perda de florestas naturais equivale a mais de 20 mil campos de futebol e representar a emissão de 10,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.
O mapeamento abrange o território dos 17 Estados definidos no Mapa da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428 de 2006), que, publicado pelo IBGE em 2008, contempla a configuração original das formações florestais nativas e dos diversos ecossistemas associados do bioma. Nesta edição, as imagens de satélites da família LANDSAT utilizadas anteriormente foram substituídas por imagens Sentinel, que permitem aumentar a acurácia das análises.
Acesse AQUI o Atlas da Mata Atlântica (2020-2021).
Desmatamento nos estados
A Mata Atlântica ocupa cerca de 15% do território nacional. Sua preservação garante abastecimento de água, regulação do clima, pesca, energia elétrica e turismo. Mesmo assim, apenas dois estados apresentaram queda no desflorestamento. Cinco acumulam 89% do desflorestamento verificado: Minas Gerais (9.209 ha), Bahia (4.968 ha), Paraná (3.299 ha), Mato Grosso do Sul (1.008 ha) e Santa Catarina (750 ha).
O aumento foi registrado inclusive em estados que estavam se aproximando do fim definitivo do desmatamento, como São Paulo, Rio de Janeiro, Sergipe e Pernambuco, revertendo uma trajetória de alguns anos.
Alagoas, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte tiveram desflorestamento menor que 50 hectares, porém, por serem regiões constantemente cobertas por nuvens, o que restringe a observação via satélite, não se pode afirmar categoricamente que estão em situação de desmatamento zero.
Causas e consequências
“É um problema que afeta todo o país e impacta diretamente a sociedade, pois 70% da população e 80% da economia brasileira se concentram na região. Se as derrubadas persistirem, vai faltar água, vai faltar alimento, vai faltar energia elétrica”, explica Luis Fernando Guedes Pinto, Diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica e coordenador do Atlas
“É uma ameaça à vida, um desastre não só para o Brasil como para o mundo, pois importantes referências internacionais apontam a Mata Atlântica como um dos biomas que precisam ser restaurados com mais urgência para atingirmos a meta de redução de 1,5°C de aquecimento global estabelecida no Acordo de Paris. Mas estamos percorrendo o caminho oposto, em direção a sua destruição”, finaliza Guedes Pinto.
De acordo com o pesquisador, o bioma vem sendo devastado atualmente, acima de tudo, para dar lugar a pastagens e culturas agrícolas. A pressão da expansão urbana e da especulação imobiliária, principalmente em torno de grandes cidades e no litoral, também pode ser apontada como uma das causas.
Ele reforça que as informações levantadas pelo Atlas são oferecidas às autoridades públicas para que verifiquem a legalidade dos desmatamentos detectados e tomem as devidas medidas de fiscalização e punição.
“O respeito à Lei da Mata Atlântica e ao Código Florestal são os primeiros passos para começarmos a reverter essa situação crítica”, completa.
Restauração da Mata Atlântica
A Fundação SOS Mata Atlântica promove iniciativas que estão entre as que mais contribuem para a restauração do bioma no país, contabilizando cerca de 42 milhões de mudas de árvores nativas plantadas e cerca de 23 mil hectares restaurados em nove estados – uma área equivalente ao território de Recife (PE).
O trabalho de restauração florestal desenvolvido pela SOS Mata Atlântica combina o monitoramento da cobertura de florestas e vegetação natural, produção e plantio de mudas de espécies nativas, estudos e apoio à pesquisa e incidência em políticas públicas.
É um trabalho de médio prazo, que só se encerra quando as mudas se transformam em uma floresta jovem com potencial para fornecimento de serviços ecossistêmicos, como a água e regulação climática, e com o retorno da biodiversidade local.
Se você quer contribuir com o trabalho da SOS Mata Atlântica, clique AQUI e faça uma doação.
Fonte: CicloVivo
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