A intensificação do desmatamento na Amazônia está sendo sentida mesmo em áreas que estão legalmente protegidas da destruição, como é o caso das Unidades de Conservação e das Terras Indígenas.
Uma análise do IMAZON apresentada na última 2ª feira (8/8), no Dia Internacional dos Povos Indígenas, mostrou que o Pará concentra a maior parte das dez áreas protegidas mais pressionadas pelo desmatamento na Amazônia, com destaque para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu e Tapajós e a Terra Indígena Apyterewa.
“Somente no mês de junho, a TI Apyterewa concentrou 52% de todo o desmatamento ocorrido nas Terras Indígenas na Amazônia. Foram 14 km2, o que corresponde a 1,4 mil campos de futebol”, assinalou Larissa Amorim, pesquisadora do IMAZON. A reserva foi a 4a área protegida com maior índice de desmatamento no 2º trimestre deste ano, atrás apenas das APA Triunfo do Xingu e Tapajós e da Reserva Extrativista (RESEX) Chico Mendes, no Acre. Além do território do Povo Parakanã, outras quatro TI localizadas no Pará estão presentes no Top 10: Cachoeira Seca do Iriri, Kayapó, Trincheira/Bacajá e Munduruku. O Jornal Nacional (TV Globo) repercutiu esses dados.
Outra análise recente, do Instituto Socioambiental (ISA), ressaltou a importância das áreas indígenas para a proteção do meio ambiente na Amazônia. Além da alta tecnologia social no manejo tradicional das florestas, a presença de Povos Indígenas amplia a governança sobre os territórios e promove contribuições socioambientais importantes na recuperação das áreas degradadas. “Povos Indígenas e Populações Tradicionais possuem outras concepções de natureza e, consequentemente, outras formas de interagir com o meio ambiente. Os saberes desses povos e suas práticas de manejo estão mesclados às paisagens. Além disso, os modos de ocupação tradicional promovem barreiras contra o desmatamento e favorecem a regeneração florestal”, explicou Antonio Oviedo, do ISA.
Avanços de Desmatamento
Outra notícia é o Censo 2022 nas Terras Indígenas brasileiras, que foi iniciado nesta 4ª feira (10/8) pelo IBGE, em parceria com a FUNAI. Além de mapear as condições de vida nas aldeias, o recenseamento quer aproveitar esse trabalho para criar uma “sala de situação” permanente, por meio da qual o governo federal poderá avaliar continuamente a segurança em áreas de conflito. No último Censo, realizado em 2010, foram contabilizados 896 mil indígenas, de 305 etnias, falantes de 274 idiomas, vivendo em 631 Terras Indígenas espalhadas por todo o Brasil. Estadão e g1 deram mais detalhes.
Em tempo: Passados dois meses desde os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari, o efetivo da Polícia Federal na região segue reduzido. De acordo com o Estadão, 32 policiais federais estão alocados hoje em Tabatinga (AM), nas proximidades de Atalaia do Norte, onde os crimes aconteceram. O número é ligeiramente superior ao registrado no ano passado, quando apenas 30 agentes da PF estavam lotados no município, o pior índice da última década. Os policiais ouvidos pela reportagem afirmaram que o efetivo é insuficiente para dar conta da insegurança que reina no Vale do Javari, hoje dominado pelo crime organizado.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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