Um novo estudo publicado por cientistas brasileiros na revista PeerJ Life & Environment nesta semana trouxe um cenário preocupante para o meio ambiente no Brasil. De acordo com a análise, a intensificação da crise climática, além da ocorrência cada vez mais frequente de queimadas, está deixando os biomas do país vulneráveis ao fogo.
Clima e queimadas de 2011 a 2020
A pesquisa analisou dados do INPE sobre queimadas de 2011 a 2020 e projeções climáticas para Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal com base no último relatório do IPCC. Nos biomas em que o fogo não acontece naturalmente, como é o caso de Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica, a frequência e a quantidade de queimadas foi semelhante nesse período àquelas identificadas no Cerrado, no Pampa e no Pantanal, nos quais o fogo é uma ocorrência natural.
Em entrevista à VEJA, a autora principal do estudo, a ecóloga Luísa Maria Diele-Viegas, da Universidade Federal da Bahia, destacou que esses biomas devem experimentar um aumento persistente da temperatura, possivelmente combinado com umidade menor, o que deve tornar as condições climáticas mais secas. Além disso, fontes naturais de ignição do fogo, como raios, podem se tornar mais frequentes, facilitando assim a ocorrência natural de incêndios mesmo em biomas onde esse fenômeno não acontece naturalmente hoje.
“Tivemos um gostinho disso em 2020, com os incêndios no Pantanal”, ressaltou Diele-Viegas, que também destacou a necessidade de mais atenção do poder público em medidas de prevenção e mitigação do risco de incêndio. “Precisamos de recursos humanos e financeiros para minimizar essa situação. No que diz respeito às mudanças climáticas, é trabalhar a longo prazo”.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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