Descoberta de enzimas digestivas que quebram o poliestireno pode ajudar a combater poluição plástica
Em maio de 2022, cientistas anunciaram que haviam criado uma enzima capaz de decompor plásticos em algumas horas. A notícia foi muito divulgada como mais um passo para encontrar uma solução para a poluição plástica que ameaça a saúde humana e o planeta. Agora, pesquisadores australianos descobriram que já existe na natureza um verme capaz de digerir plástico, mais especificamente o poliestireno.
Cientistas da Escola de Química e Biociências Molecular da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram que as larvas do Zophobas morio, espécie de besouro relativamente comum, podem comer poliestireno graças a uma enzima bacteriana em seu intestino.
A pesquisa foi publicada em um artigo na revista online Microbial Genomics e oferece novos caminhos para a a biodegradação do plástico. Liderada pelo Dr. Chris Rinke, uma equipe alimentou os “supervermes” com diferentes dietas durante 3 semanas. Algumas larvas receberam com espuma de poliestireno, algumas com farelo e outras permaneceram em jejum.
“Descobrimos que os supervermes alimentados com uma dieta de apenas poliestireno não apenas sobreviveram, mas até ganharam algum peso “, disse Rinke. “Isso sugere que os vermes podem obter energia do poliestireno, provavelmente com a ajuda de seus micróbios intestinais.”
O próximo passo para os cientistas foi identificar várias enzimas codificadas no intestino dos vermes com a capacidade de degradar poliestireno e estireno. O objetivo de longo prazo é projetar essas mesmas enzimas, que podem degradar resíduos plásticos em usinas de reciclagem por meio de trituração mecânica, seguida de biodegradação enzimática.
“Os supervermes são como mini usinas de reciclagem, triturando o poliestireno com a boca e depois alimentando as bactérias em seu intestino”, disse Rinke. “Os produtos de decomposição desta reação podem ser usados por outros micróbios para criar compostos de alto valor, como bioplásticos.”
Com estas conclusões, os pesquisadores vão trabalhar para cultivar as bactérias intestinais no laboratório e testar ainda mais sua capacidade de degradar o poliestireno. O co-autor da pesquisa, o candidato a PhD Jiarui Sun, explica: ‘Podemos então analisar como podemos aumentar esse processo para um nível necessário para uma usina de reciclagem inteira.’
“Nossa equipe está muito animada para impulsionar a ciência para que isso aconteça”, comemorou o Dr. Rinke.
Fonte: CicloVivo
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