Os 17 milhões de moradores da cidade de Shenzhen, sul da China, estavam em confinamento nesta segunda-feira (14) por um surto de covid-19 que forçou a suspensão das atividades em uma fábrica de iPhone e motivou a imposição de restrições em outras grandes metrópoles, como Xangai.
As autoridades de Shenzhen anunciaram o novo confinamento no domingo (13), após a detecção na cidade de focos da doença relacionados com a vizinha Hong Kong, onde o vírus provoca muitos danos.
Nesta segunda-feira, a gigante taiwanesa do setor eletrônico Foxconn, principal fornecedora da Apple, informou a suspensão das operações em Shenzhen, porque o confinamento afeta o funcionamento de suas fábricas.
A Foxconn, que emprega dezenas de milhares de pessoas na cidade, disse que transferiu a produção para outros centros.
Shenzhen é uma das dez cidades da China que estão em confinamento atualmente, assim como Dalian, Nanjing e Tianjin, perto de Pequim.
As autoridades contabiliaram nesta segunda-feira 2.300 novos casos em todo país. No domingo, foram notificados quase 3.400, o maior número desde o início da pandemia.
Embora o número de casos permaneça baixo em comparação com outros países, o balanço dos últimos dias é considerável no contexto da China, onde as autoridades aplicam desde 2020 uma política de tolerância zero com a pandemia.
Nos últimos dias, ao menos 26 funcionários de três províncias foram demitidos por má gestão durante a epidemia, informou a imprensa estatal.
Um funcionário do departamento de saúde, Lei Zhenglong, disse à emissora estatal CCTV que mais de 10.000 infecções foram registradas em 10 províncias em março e alertou que a situação “continua evoluindo” em muitos lugares.
Em Shenzhen, “registramos pequenos focos em bairros e fábricas”, relatou Huang Qiang, funcionário do governo local, antes de sugerir a necessidade de “mais precauções”.
“Esperar”
As fotos compartilhadas com a AFP por um morador de Shenzhen mostram a entrada de um complexo residencial bloqueada por grandes barreiras.
As ações das empresas de tecnologia registraram queda na Bolsa de Hong Kong nesta segunda-feira, consequência da preocupação com o impacto da propagação do vírus em Shenzhen, sede dos grupos Huawei e Tencent, assim como da maior fábrica da Foxconn.
Em Xangai, a metrópole com maior população da China, zonas residenciais foram confinadas, e as autoridades trabalham para evitar um confinamento geral.
A cidade informou hoje 170 novos casos de covid. Um empresário que é dono de quatro restaurantes afirmou que é difícil enfrentar as restrições.
“As políticas são diferentes nos bairros”, declarou à AFP, sob anonimato. “Quero fechar um e manter os outros abertos, e ver o que acontece depois. O que mais posso fazer além de esperar?”, resignou-se.
Na província de Jilin (nordeste), ao menos cinco cidades estão em confinamento desde o início de março, entre elas o grande centro industrial de Changchun, onde nove milhões de habitantes estão bloqueados em suas casas desde sexta-feira.
Nesta segunda-feira, o grupo alemão Volkswagen anunciou que devido a um surto de covid-19 suspendeu a produção em três fábricas de Changchun até quarta-feira, incluindo duas fábricas das marcas VW e Audi, assim como um centro de produção de autopeças.
As três fábricas são operadas em conjunto com o grupo chinês FAW.
O surgimento da variante ômicron põe sua abordagem drástica em xeque, porém, no momento em que a maior parte do planeta opta por conviver com o vírus.
O virologista Zhang Wenhong defendeu, nesta segunda-feira, que a China ainda não pode flexibilizar a política de “covid zero”, apesar da baixa taxa de mortalidade da ômicron.
“É muito importante que a China continue adotando a estratégia de covid zero em um futuro próximo”, escreveu Zhang nas redes sociais. “Mas isto não significa que vamos adotar permanentemente a estratégia de confinamento e de testes em larga escala”, completou.
Fonte: UOL
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