Um estudo apresentado no último final de semana trouxe revelações importantes sobre o desenvolvimento do câncer de pulmão, em especial a relação entre poluição atmosférica e a incidência da doença. De acordo com a análise, as partículas finas contidas na fumaça emitida pelos carros “despertam” mutações adormecidas nas células pulmonares, que resultam no surgimento de tumores. Isso explicaria a incidência de câncer pulmonar mesmo em pessoas que nunca fumaram um cigarro sequer na vida.
“As células com mutações causadoras de câncer se acumulam naturalmente à medida que envelhecemos, mas normalmente são inativas. Demonstramos que a poluição do ar desperta essas células nos pulmões, incentivando-as a crescer e potencialmente formar tumores”, explicou o cientista Charles Swanson, do Francis Crick Institute da University College London (UCL), principal autor do estudo. “Se pudermos impedir que essas células cresçam em resposta à poluição do ar, podemos reduzir o risco de câncer de pulmão”.
O estudo analisou dados de mais de 400 mil pessoas no Reino Unido e na Ásia, comparando as taxas de câncer de pulmão mutante do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) em áreas com diferentes níveis de poluição de material particulado PM2.5. Os autores encontraram taxas mais altas desse câncer, bem como de outros tipos, em pessoas que vivem em áreas com concentração mais alta desse poluente.
“De acordo com nossa análise, o aumento dos níveis de poluição do ar aumenta o risco de câncer de pulmão, mesotelioma e câncer de boca e garganta”, destacou a pesquisadora Emilia Lim, da UCL e coautora do estudo. “Mesmo pequenas mudanças nos níveis de poluição do ar podem afetar a saúde humana. 99% da população mundial vive em áreas que excedem os limites anuais da Organização Mundial da Saúde (OMS) para PM2.5, destacando os desafios da saúde pública impostos pela poluição do ar em todo o mundo”.
O estudo foi abordado por veículos como BBC, Financial Times e Guardian.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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