Dono da maior diversidade biológica do planeta, o Brasil não quer nem saber da possibilidade de metas globais para sua conservação. O país tem sido um dos principais adversários de uma proposta em discussão no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) que pretende estabelecer uma meta de conservação de 30% da superfície terrestre e marinha global até 2030. Como bem explicou Ana Carolina Amaral, na Folha, a oposição é muito mais política do que prática.
Para o Brasil, uma meta global traria a inconveniência – pelos olhos de Brasília – de maior escrutínio internacional às ações nacionais de proteção da biodiversidade. Neste caso, os países megadiversos seriam os mais visados, já que eles possuem as maiores áreas naturais e, consequentemente, os maiores estoques de vida natural sob ameaça. Para evitar isso, o país propõe que a meta de conservação seja feita em nível nacional, onde cada nação identificaria e conservaria uma porcentagem comum de seus territórios.
Entretanto, o próprio Brasil tem jogado contra seu gol nos últimos anos. A falta de prestígio internacional, causada pelo desgoverno na área ambiental, diminuiu bastante a capacidade de ação e pressão nas negociações multilaterais desse tema. A despeito de ter uma posição compartilhada com outros países megadiversos, a toxicidade do país pode isolá-lo nesse tabuleiro político.
Em tempo: O Climate Home deu destaque para a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou o Acordo de Paris como um tratado de Direitos Humanos. A Corte foi a primeira do mundo a adotar essa interpretação, o que abre um precedente importante dentro e fora do Brasil para os cidadãos cobrarem o poder público por mais ação contra a mudança do clima.
Texto publicado originalmente em Clima INFO
Comentários