Atividades executadas pelo Idesam pelo projeto Cidades Florestais: Madeira-Purus focam em desenvolver viabilidade econômica para comunidades tradicionais.
Por Samuel Simões Neto
O Idesam deu início, no mês de novembro, a uma série de atividades de diagnóstico de cadeias produtivas nas unidades de conservação (UC) atendidas pelo projeto Cidades Florestais: Madeira-Purus. O objetivo da ação é coletar informações para a elaboração de um estudo sobre potenciais e gargalos relacionados às cadeias produtivas dessas Áreas Protegidas.
Entender essas características é fundamental para a elaboração de propostas de melhorias, que poderão ser implementadas na próxima fase do projeto Cidades Florestais.
Para o coordenador do projeto, o engenheiro florestal Marcus Biazatti, essas etapas podem futuramente levar à redução de vulnerabilidades nas UCs atendidas.
“O uso de matérias-primas locais é essencial para a evolução da Bioeconomia na Amazônia e tem impacto direto na qualidade de vida das populações, principalmente dos municípios do interior, mas os envolvidos ainda encontram muitas dificuldades, principalmente de logística e assistência técnica. É nesse elo da cadeia que o projeto pretende apoiar”, explica.
O pontapé inicial foi a realização – entre os dias 6 e 15 de novembro – de uma série de entrevistas no município de Tapauá, com representantes de instituições governamentais, líderes comunitários, representante da fábrica de castanha e representantes do Sindicato da Pesca e da Colônia de Pescadores do município.
Além do encontro com lideranças comunitárias na sede do município, a equipe visitou a Floresta Estadual de Tapauá, onde conversou com atores-chave.
“A participação dos comunitários é indispensável, uma vez que qualquer estratégia de melhoria precisa atender as expectativas e anseios dos atores locais ”, defende Paula Guarido, bióloga e pesquisadora do Idesam.
“Entendendo o contexto local a partir do olhar dos envolvidos, incluindo as suas expectativas e frustrações, conseguimos ser mais assertivos nos próximos passos para a estruturação dessas cadeias produtivas”
– Paula Guarido, pesquisadora do Idesam.
O titular da pasta de Meio Ambiente e Turismo (Semmatur) do município de Tapauá, Jaciel dos Santos Sousa, que foi um dos entrevistados, defendeu o repasse de mais recursos que possam ser aplicados de forma prática na melhoria de atividades produtivas. O secretário também defendeu as concessões florestais, a partir de parcerias público-privadas, com um contrato social bem definido entre empresas interessadas e comunidades.
“A partir desse direcionamento de recursos – pessoais e financeiros – é possível levar mais retorno e benefícios para os comunitários”, destacou Santos.
Capacitação em extração de copaíba
Uma segunda atividade realizada pelo projeto foi o curso “Boas Práticas de Extração do Óleo de Copaíba”, entre os dias 27 e 29 de outubro, na comunidade de São Sebastião, localizada na RDS Igapó-Açu, no município de Careiro (AM). O curso contou com a participação de 10 comunitários, que aprenderam técnicas e boas práticas para melhor realização da coleta de copaíba.
De acordo com a técnica Florestal Flávia Araújo, do Idesam, antigamente, os troncos de copaíba eram cortados com um machado, o que facilitava a obtenção de grandes quantidades do óleo. Mas essa prática impossibilitava a recuperação da árvore, causando a sua morte e, como resultado, na redução da oferta do produto.
“Hoje, sabemos que a melhor maneira de fazer a extração é por meio de uma perfuração no tronco e a utilização do trado. Mas mesmo assim, esse processo precisa ser feito com cuidado, para não prejudicar a vida da árvore”, explica.
Os participantes também tiveram orientações sobre como manusear o Aplicativo Cidades Florestais, lançado pelo Idesam em 2019, com intuito de implementar a rastreabilidade de todos os produtos e comunidades do projeto Cidades Florestais.
Falar sobre extrativismo sem degradação é de suma importância para o projeto, principalmente considerando que estamos dentro de uma unidade de conservação. Essa ações tem grandes chance de dar certo pois mostram novos caminhos para geração de renda, sem agredir a floresta.
– Sueli Martins da Silva, moradora da comunidade de São Sebastião e participante do curso.
Para o vice-presidente da Coopemaia, Jorge Nildo dos Santos, a atividade trouxe novas possibilidades para a comunidade, do ponto de vista financeiro.
“O projeto me deu uma visão de futuro, mais conhecimento e esperança. No futuro estaremos mais aptos para explorar a floresta e conseguir dinheiro para nossas famílias”, destacou.
Sobre o projeto
O Cidades Florestais: Madeira-Purus é uma iniciativa do Idesam, apoiada pelo projeto Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). A iniciativa beneficia quatro Unidades de Conservação localizadas nas calhas dos rios Madeira e Purus (FLOTA Tapauá, RDS Igapó Açu, RDS Rio Amapá e Resex Ituxi) e envolve seis associações comunitárias em ações de formação de lideranças consolidação de cadeias produtivas sustentáveis, monitoramento e desenvolvimento regional.
Um dos objetivos da iniciativa é buscar a sustentabilidade financeira das Áreas Protegidas por meio de mecanismos previstos na legislação, incentivando o desenvolvimento sustentável e a geração de renda para as comunidades.
Além das associações locais, a iniciativa conta com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AM+) e da ONG Casa do Rio. O LIRA é apoiado por recursos do Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore. Para o desenvolvimento dos projetos socioambientais, o IPÊ conta com parceiros de diversos setores e trabalha como articulador em frentes que promovem o engajamento e o fortalecimento mútuo entre organizações socioambientais, iniciativa privada e instituições governamentais. Para saber mais, acesse lira.ipe.org.br.
Fonte: IDESAM
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