A imprensa dá cada vez mais atenção para as questões de soberania energética embutidas no conflito Rússia-Ucrânia-EUA. Hoje, um gasoduto de grande porte sai da Rússia rumo ao Bloco Europeu, passando sob o território ucraniano. O Nord Stream 2, projeto-conjunto russo-alemão, forneceria gás da Rússia direto para a Alemanha e o restante da Europa sem passar pela Ucrânia, enfraquecendo a posição de Kiev, argumenta a diplomacia dos EUA.
A Alemanha diz que o Nord Stream 2 é principalmente um projeto comercial que diversifica o fornecimento de energia para a Europa. E políticos de todos os partidos que compõem o Bundestag alegam que as objeções são de interesse próprio: Washington quer vender mais gás para os alemães.
Faz sentido. Mas também é possível que a gigantesca dependência do gás esteja fazendo com que a Alemanha seja condescendente em relação aos interesses russos. Ainda não está claro quem está blefando, mas o gasoduto multibilionário já se tornou uma moeda de troca importante nos esforços ocidentais para se evitar uma possível invasão russa à Ucrânia. Reuters, BBC e The Guardian deram destaque ao aspecto energético do conflito.
Em tempo 1: Olumide Abimbola, diretor-executivo do Africa Policy Research Institute, um think-tank com sede em Berlim, escreveu à ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, sobre a inclusão dos países africanos no clubinho de bom desempenho climático que ela pretende criar. Com 1,2 bilhões de pessoas, o continente contribui com apenas 2,73% das emissões globais, e precisa de todo apoio para lidar com os impactos visíveis na crise do clima. Ao indicar a ativista Jeniffer Morgan para o cargo de enviada especial para o clima, posturas inovadoras como esta são esperadas – talvez venha daí o criticismo da ala mais conservadora do país.
Em tempo 2: Quem também está querendo mexer com energia suja e perigosa é a França, país que atuou pesadamente pela inclusão da energia nuclear na Taxonomia Verde da União Europeia. Se aprovada, a proposta pode desbloquear bilhões de dólares para novos investimentos no setor, o que Macron afirmou que fará se reeleito este ano. Valor, Bloomberg, AP, WSJ e Reuters dão detalhes.
Fonte: ClimaInfo
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