Uma nova pesquisa revelou a dimensão da incrível variedade de insetos da Amazônia — 60% dos espécimes ocorrem a uma altura de 8 metros ou mais — e o quanto desconhecemos essas espécies.
Biólogos coletaram dezenas de milhares de insetos do dossel da floresta tropical na Amazônia brasileira, em um estudo minucioso publicado no dia 2 de fevereiro desse ano na revista científica Scientific Reports, ligada à Nature.
Os dados revelam a impressionante e desconhecida variedade de espécies de insetos que habitam o dossel da Floresta Amazônica. os pesquisadores descobriram que a maioria das espécies — e gêneros inteiros — ainda não foram descritos pela ciência, apontando para uma riqueza inestimável na diversidade de insetos na Amazônia.
O estudo foi iniciado em 2017 com a instalação de “armadilhas de interceptação de voo” para coletar insetos na Estação Experimental de Florestas Tropicais do INPA. A estação possui uma torre metálica com mais de 50 m de altura, em uma área de floresta primária preservada para estudos científicos, a cerca de 40 quilômetros do norte de Manaus.
Biodiversidade desconhecida na Amazônia
Os pesquisadores montaram cinco grandes redes aproveitando as plataformas da torre, com a última localizada 32 m acima do solo. Coletaram quase 38.000 espécimes já na primeira amostra e repetiram o experimento nos 13 meses seguintes. Em um laboratório, eles usaram microscópios para identificar e classificar os insetos de acordo com suas ordens.
“Os insetos que caíam nas armadilhas eram guardados em recipientes com álcool para preservá-los”, conta José Albertino Rafael, pesquisador do INPA. “Esse material seria retirado a cada 15 dias, e cada estrato seria devidamente identificado.”
Os insetos mais abundantes foram os Diptera, grupo que inclui moscas e mosquitos, dos quais os pesquisadores encontraram cerca de 17 mil indivíduos. Em seguida, enviaram os insetos a 35 especialistas no Brasil e no exterior para ajudar na identificação de cada espécie.
Essas descobertas vieram de um esforço conjunto de pesquisadores de várias instituições brasileiras com o Natural History Museum of Los Angeles County. O levantamento difere da pesquisa usual com insetos, realizada ao nível do solo. O foco está na diversidade vertical da floresta, do solo até a copa das árvores.
“Ficamos surpresos, pois nosso método nos alertou para o fato de que estudos tradicionais geralmente realizados no nível do solo ainda subestimam a real riqueza de nossas florestas”, diz José Albertino Rafael, coautor do estudo.
“Nosso estudo mostrou que não só o número de espécies é enorme: a complexidade do ambiente é incrivelmente alta”, acrescenta Amorim, autor principal . “Pela aparência, os espécimes coletados na torre não parecem pertencer a nenhum dos gêneros já descritos [pela ciência]”, diz.
Fonte: Biólogo
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