O contraste não podia ser mais autoexplicativo. Enquanto o pavilhão oficial do Brasil na COP26 é imponente e vazio, o estande da sociedade civil brasileira em Glasgow é mais apertado, mas vive movimentado e cheio de pessoas dos mais variados setores e grupos sociais. João Gabriel de Lima mostrou este contraste no Estadão, destacando o sucesso do Brazil Climate Action Hub, um espaço que serviu de palco para cientistas, líderes políticos, representantes de movimentos sociais, celebridades nacionais e internacionais e até mesmo nomes do agronegócio ao longo da COP.
“O Hub acabou se tornando um grande ponto de encontro, e era mesmo essa a intenção”, explicou Ana Toni, diretora do iCS, uma das organizações responsáveis pelo espaço, junto com o IPAM e o ClimaInfo. O Estadão também publicou imagens dos diversos eventos e pessoas que passaram pelo espaço durante a Conferência.
Enquanto isso, os negociadores brasileiros entraram na reta final da COP com “sinais de flexibilidade”, como destacaram algumas fontes diplomáticas para Jamil Chade no UOL. O comportamento segue a estratégia apresentada pelo Brasil desde antes da COP, revelando uma tentativa de recuperação de parte do prestígio perdido nos últimos anos sob Bolsonaro e buscando desempenhar um papel mais positivo nas negociações internacionais sobre o clima.
Uma novidade diplomática nesse final de COP foi a adesão do Paraguai ao grupo negociador de Brasil, Argentina e Uruguai. A coalizão, que repete agora a composição e o nome do Mercosul, visa dar mais peso aos interesses dos países do Cone Sul nas negociações da UNFCCC. De acordo com o Estadão, a ideia é que esse grupo permaneça unido nas próximas rodadas de negociação, inserindo decisivamente a questão climática dentro da agenda política do bloco comercial.
Em tempo 1: A litigância climática está ganhando espaço no Brasil, com organizações da sociedade civil e ativistas climáticos cobrando o governo federal na Justiça por sua omissão no enfrentamento da mudança do clima. “É obrigar o governo a planejar para parar de apenas falar que vai fazer, [para] mostrar como vai fazer nos diferentes setores”, explicou Suely Araújo, ex-presidente do IBAMA e atual especialista sênior de políticas públicas do Observatório do Clima, para Rafael Garcia no Valor. “Se a política pública não está rodando e causa um problema relevante, nós [sociedade civil] vamos lá e tomamos as medidas judiciais cabíveis”.
Em tempo 2: No Estadão, André Borges trouxe dados de um estudo recente sobre o total de vegetação nativa em propriedades rurais que está sob risco de desmatamento legal para ampliar a produção agropecuária no Brasil. O número é surpreendente: 70 milhões de hectares estão nessa condição, uma área equivalente ao território dos estados de Minas Gerais e Pernambuco. Esse contingente de área verde é considerado “excedente” nos termos do Código Florestal – ou seja, áreas além dos limites mínimos exigidos pela legislação para conservação pelos proprietários rurais. Assim, essa área está particularmente vulnerável à devastação ambiental.
Fonte: ClimaInfo
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