Mais que um tema da campanha eleitoral de 2022, o aumento da pobreza é um problema real e imediato. Segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 20 milhões de brasileiros passam um dia ou mais sem ter o que comer. Além disso, o número de favelas no país mais que dobrou em dez anos. (Folha)
Na classe média, o drama econômico toma outra forma: o endividamento das famílias atingiu um nível recorde. Com os juros de bancos em níveis extorsivos — eles nunca de fato diminuíram apesar de o BC ter reduzido os seus —, em média as dívidas que as famílias pagam correspondem a 59,9% de suas rendas anuais. Quase 60%. Em agosto, de acordo com o Banco Central, em média a renda das famílias cruzou os 30% de comprometimento para pagar parcelas de empréstimos, cartões de crédito e o que for. A inflação nos alimentos e na energia ajuda a aumentar a pressão sobre o orçamento familiar e aponta para uma crise econômica. Mesmo que o PIB torne a crescer, a possibilidade de um brasileiro tornar às lojas aquecendo o consumo são pequenas. (Globo)
E as perspectivas não são das melhores. A regras do Auxílio Brasil, programa assistencial visto como trunfo eleitoral do governo Bolsonaro, congelam ou mesmo reduzem o benefício de 5,4 milhões de famílias que hoje recebem o Bolsa Família. São 37% dos atuais beneficiários. (Estadão)
2022 não será fácil.
Ontem era Dia de Nossa Senhora Aparecida, feriado nacional. Mesmo com as restrições impostas pela covid-19, dezenas de milhares de romeiros viajaram para o santuário em Aparecida do Norte (SP), que foram fechadas no ano passado. A missa solene, celebrada pela manhã, é provavelmente o mais importante evento da Igreja Católica brasileira. E foi palco para algumas das mais incisivas críticas às políticas do governo Bolsonaro feitas por autoridades eclesiásticas. Durante a homilia, o arcebispo Dom Orlando Brandes fez uma defesa enfática da ciência contra a pandemia, defendeu a vacinação, lembrou dos povos indígenas, dos negros e nos pobres e não se permitiu meias palavras: “Para ser pátria amada não pode ser pátria armada”, desejando que o Brasil, “seja uma pátria sem ódio, uma República sem mentira e fake news”. Bolsonaro não ouviu ao vivo as críticas. Chegou na parte da tarde entre aplausos e vaias e assistiu a outra missa, fazendo uma breve leitura. Embora menos incisiva que a de Dom Orlando, a homilia da tarde também tocou em temas incômodos para o presidente, como a pobreza e, mais uma vez, a covid-19. Na saída, Bolsonaro tirou a máscara e provocou aglomeração em meio a fiéis. (g1)
Com a popularidade em baixa, mas estável, o que indica manutenção de seu eleitorado de extrema-direita, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem buscado estreitar seus laços com o agronegócio e com evangélicos. A avaliação é que esses grupos têm capacidade de mobilização e controle de suas bases e vêm sendo alvo de aproximação por parte do ex-presidente Lula (PT). A indicação de André Mendonça para uma vaga no STF, ora emperrada no Senado, busca sacramentar esse laço com os líderes neopentecostais. Já os ruralistas vem sendo afagados com o afrouxamento das regras e da fiscalização ambientais. (Folha)
O caso de Mendonça acirra a briga dos evangélicos com ala política do governo, leia-se Centrão. O pastor Silas Malafaia, bolsonarista de primeira hora, publicou um vídeo atacando o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, por uma suposta movimentação de bastidores para emplacar outro nome no Supremo. Passando o feriado no seu Piauí, Nogueira disse que “falta informação a esse pastor”. “Sou um auxiliar do presidente da República e toda a sua determinação será cumprida sempre”, afirmou o ministro. (Poder360)
Enquanto isso… Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, confidenciou a aliados que pretende segurar a sabatina de Mendonça até 2023, quando, a menos que Bolsonaro se reeleja, a indicação será trocada pelo futuro presidente da República. (CNN Brasil)
Fonte: Canal Meio
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