E esse é o tema da coluna de Pedro Dallari desta semana. Segundo dados, 1,3 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza
Recentemente, a Organização das Nações Unidas publicou um relatório sobre a situação da pobreza no mundo. E é justamente sobre a importância desse documento que fala o professor Pedro Dallari em sua coluna desta semana. “No início de outubro, foi lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Pnud, um relatório com indicadores multidimensionais sobre a situação da pobreza no mundo.
O Pnud é um organismo muito importante da ONU, que se dedica justamente ao estudo e à proposição e implementação de medidas voltadas ao desenvolvimento e à superação da pobreza”, explica o colunista. “A pesquisa do Pnud foi feita em 109 países, reunindo um contingente total de seis bilhões de pessoas. Desse total, o que foi apurado é que 1,3 bilhão de seres humanos – ou seja, um quarto da população investigada – vivem em situação de pobreza, o que é um dado muito estarrecedor.
Há elementos que mostram que a pobreza não é um fenômeno que distingue apenas uns países dos outros, mas ela se apresenta de maneira diferente, revelando um quadro de muita desigualdade social, dentro dos países, entre diferentes grupos sociais, étnicos, entre diferentes regiões do mesmo país”, aponta o professor. “Um outro dado muito impactante é que metade da população que vive em situação de pobreza tem menos de 18 anos. Ou seja, são 650 milhões de crianças e jovens em um quadro muito precário de sobrevivência”, afirma Dallari.
O professor aponta, também, outras informações relevantes contidas no relatório do Pnud e que precisam ser entendidas com muita atenção. “As variáveis de gênero também são significativas, mostrando como esse quadro de pobreza afeta mais as mulheres e meninas do que os homens. Um dado impressionante é que dois terços das pessoas mais vulneráveis vivem em moradias em que nenhuma menina completou seis anos de estudo, o que as expõe a um quadro de degradação e violência muito maior”, garante Dallari.
“O relatório também mostra que a quase totalidade desses 1,3 bilhão de seres humanos que vivem em situação de pobreza não conta com meios adequados para preparar sua alimentação e vive sem saneamento básico. Desse total, 600 milhões de pessoas dependem de fornecimento de água que só pode ser obtido com uma caminhada de pelo menos 30 minutos a fontes que podem oferecer água potável”, relata o colunista. “Esse quadro foi agravado e tende a se agravar ainda mais em função do impacto causado pela pandemia de covid-19, que afetou a população mais pobre pela precarização da situação de saúde, pela perda das fontes de trabalho e de renda. Enfim, por um contexto social muito agravado”, finaliza ele.
Fonte: Jornal da USP
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