Histórico e desafios da pecuária bovina na Amazônia, uma publicação da Embrapa Amazônia Oriental, retrata 400 anos de história da atividade, divididos em quatro fases, e traça perspectivas futuras visando ao aperfeiçoamento técnico e produtivo dessa cadeia produtiva.
Na linha do tempo que vai de meados dos anos 1600 até o século 21, ênfase especial é colocada nos últimos 40 anos de experiência acumulada pela Embrapa em pesquisa e socialização do conhecimento sobre manejo e recuperação de pastagens degradadas na Amazônia – atividade considerada estratégica para a segurança alimentar, a preservação ambiental e o crescimento econômico na região amazônica.
A obra tem a particularidade de contar com uma versão em inglês, intitulada Challenges to cattle ranching in theBrazilian Amazon, que reproduz os mesmos conteúdos de texto e estrutura da edição em português. Os trabalhos fazem parte da série editorial Documentos e estão disponíveis no Portal Embrapa para acesso público, em português aqui e em inglês aqui.
Além do levantamento histórico sobre o tema, as obras fornecem “uma nova visão dessa área do conhecimento, sendo um ativo valioso para influenciar decisões de investimento em pesquisa e políticas públicas na região”, informam os autores, o engenheiro-agrônomo Moacyr Bernardino Dias-Filho, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, e a engenheira-agrônoma Monyck Jeane dos Santos Lopes, pesquisadora bolsista do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Ao compilarem um resumo da evolução e dos desafios de uma das principais atividades produtivas da Amazônia brasileira nas últimas décadas, os autores destacam o papel da Embrapa no apoio à pecuária bovina na região, por meio da geração de tecnologias e da promoção de sua adoção pelos produtores rurais.
As quatro fases
O conteúdo das duas obras, tanto Histórico e desafios da pecuária bovina na Amazônia quanto Challenges to cattle ranching in the Brazilian Amazon, é dividido em quatro fases. A primeira, de meados de 1600 a meados de 1960, é considerada de “ineficiência e baixa produtividade”. Essa parte contém uma análise detalhada sobre a crise no abastecimento de carne bovina; o abastecimento por via aérea na Amazônia; e a reversão da crise na produção e no abastecimento.
A segunda fase, de meados de 1960 a meados de 1980, tem como foco o fim da crise no abastecimento de carne. Este período foi caracterizado por um sistema extensivo e pouco eficiente, utilizando gado zebuíno e pastagens plantadas.
Já a terceira fase, que vai de meados de 1980 até o presente, aborda o aumento da produtividade pelo uso de tecnologia e o papel da Embrapa, bem como os desafios para o futuro da pecuária na Amazônia. O sistema é menos extensivo e mais eficiente, com a recuperação de pastagens degradadas e mais produtividade e segurança alimentar.
A quarta fase, considerada “em construção”, concentra-se na profissionalização da atividade por meio de sistemas mais intensivos e menos amadores, via manejo preventivo da pastagem e a busca de maior produtividade e eficiência.
Fim do amadorismo
Os autores sustentam que a intensificação racional é a alternativa correta para superar os atuais desafios e legitimar a sustentabilidade da pecuária amazônica do futuro em um novo patamar de condução. “Para isso, a exigência fundamental será produzir mais, em menores áreas de pastagem, com coerência em relação aos preceitos agronômicos, econômicos, ambientais, sociais e de bem-estar animal”, comentam.
De acordo com os pesquisadores, a Embrapa deverá ter papel essencial para a completa estruturação dessa nova fase, sendo fiadora dessa transição, provendo tecnologia e facilitando a sua difusão, transferência, socialização, adoção.
Moacyr Bernardino Dias-Filho e Monyck Jeane dos Santos Lopes são taxativos quando concluem que “o amadorismo no manejo das pastagens amazônicas deverá definitivamente curvar-se ao profissionalismo, próprio de uma pecuária empresarial, independentemente do tamanho do empreendimento”.
Recuperação documental
Na edição em português, os autores documentaram a história da pecuária bovina incluindo também interessantes reproduções de jornais das diferentes épocas ao longo dos séculos, o que propicia ao leitor o contato com conteúdos informativos e noticiosos raros e pouco divulgados para o público em geral.
As novas obras colocadas à disposição do público pela Embrapa recuperam a origem da pecuária bovina na Amazônia desde o longínquo século 17, quando as primeiras cabeças de Bos taurus entraram no vale amazônico por Belém, no Pará, oriundos da Península Ibérica.
A introdução desse gado foi feita pelos colonizadores portugueses, que criavam os animais em áreas abertas por meio da derruba e queima da floresta, ao redor de Belém. Logo a seguir, esses rebanhos pioneiros foram levados para a Ilha de Marajó e, posteriormente, para outros locais da Amazônia onde a atividade pecuária se expandiu em diferentes proporções.
Fo0nte: Embrapa
Comentários