A proposta de lei da União Europeia que busca impor restrições à importação de commodities agrícolas associadas ao desmatamento segue causando dor de cabeça ao agronegócio e ao governo Jair Bolsonaro no Brasil. A Aprosoja, associação de produtores de soja, criticou a medida reciclando a acusação de que ela não passa de “protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental”.
Em nota, a associação disse que a medida europeia representa “uma afronta à soberania nacional”, já que as restrições também seriam aplicadas às mercadorias primárias produzidas em áreas desmatadas legalmente, e não apenas àquelas produzidas irregularmente. “A União Europeia precisa entender que não são mais a metrópole do mundo [dona] e que o Brasil e demais países da América do Sul deixaram de ser suas colônias”, criticou a Aprosoja.
A contundência é curiosa: se a associação tivesse a mesma firmeza no combate ao desmatamento, talvez o agronegócio brasileiro não estivesse exposto ao risco de perder os mercados consumidores no exterior. Globo Rural e O Globo deram mais detalhes sobre a reação dos produtores de soja à proposta antidesmatamento da UE.
O chanceler Carlos França, por sua vez, seguiu a mesma linha argumentativa ao criticar as restrições comerciais propostas pela UE através de sua política agrícola comum. “Na Europa, há muita agricultura subsidiada. Eu me pergunto: seria sustentável manter o uso ineficiente desses recursos de água e terra nesses países às custas de subsídios? Não seria isso antiecológico e antieficiente?”, questionou o diplomata, citado pelo Valor.
Fonte: ClimaInfo
Comentários