As críticas feitas por Sônia Guajajara ao governo federal na websérie Maracá – Emergência Indígena, lançada em agosto de 2020 pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), motivaram um pedido da Polícia Federal para que a ativista preste depoimento. A convocação foi solicitada pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
“Fui intimada pela PF, como representante da Apib, para depor em um inquérito por conta da websérie Maracá. A perseguição desse governo é inaceitável e absurda! Eles não nos calarão!”, postou a líder indígena em seu perfil no Twitter.
A Apib se manifestou em nota:“Não irão prender nossos corpos e jamais calarão nossas vozes. Seguiremos lutando pela defesa dos direitos fundamentais dos povos indígenas e pela vida.”
Emergência Indígena
A websérie, que tem oito episódios e está disponível nas redes sociais da Apib, mostra o abandono dos povos indígenas durante a pandemia no Brasil e denuncia a falta de ação do governo federal para combater o avanço do coronavírus nas aldeias.
O boletim epidemiológico da Apib, desta sexta-feira (30), mostra que 1.059 indígenas já morreram, em decorrência da Covid-19, e já são 53.329 casos confirmados.
Através do depoimento de lideranças indígenas de todo o país, como Sônia Guajajara, Cacique Raoni, Marcos Xukuru, Kretã Kaigang e Shirley Krenak, a websérie trata, também, sobre o avanço do governo federal nos territórios dos povos originários.
No episódio 8, o narrador afirma: “Em 2019, a cada minuto foram derrubadas mais de mil árvores ilegalmente na Amazônia. O estado do Amazonas registrou maior número de queimadas dos últimos 22 anos. O governo Bolsonaro tenta legalizar o crime de garimpo em território indígena. O agronegócio governa o país e amplia as políticas de violências contra a vida dos povos indígenas em todo o país.”
Assista todos os episódios clicando aqui.
Garimpo
Durante a live semanal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última quinta-feira (29), o presidente da Funai, Marcelo Xavier, o mesmo que aglomerou sem máscara em terra indígena no dia 28 de abril, defendeu legalizar o garimpo em área indígena.
Ao responder uma pergunta de um jornalista convidado, ele disse: “É possível essa convergência [entre garimpo e terra indígena], a mineração pode ser a solução das terras indígenas. Porque, hoje em dia, é feito de forma escondida. A riqueza fica nas mãos de poucos”, teorizou o chefe da Funai.
O Brasil de Fato procurou Sônia Guajajara, mas a líder indígena não foi localizada. Caso as mensagens da reportagem sejam respondidas, essa matéria será atualizada.
Fonte: Brasil de Fato
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