Os efeitos da paralisação de muitas economias no ano passado apareceram no gráfico das emissões globais como uma pequena queda no volume total emitido. O resultado faz parte de um trabalho que analisou os esforços feitos (ou não) para se reduzir as emissões desde a assinatura do Acordo de Paris no final de 2015. Olhando apenas para as emissões da queima de combustíveis fósseis, elas caíram de 36,6 GtCO2e (bilhões de toneladas) para 34 GtCO2e. Os autores analisaram as emissões para o período 2016-2019 e dizem que precisamos de quedas como esta todos os anos, ao longo de toda esta década. Olhando as emissões por país, viram que 64 países reduziram suas emissões no período, mas que a queda é 10 vezes menor do que o necessário para se limitar o aquecimento global em 1,5°C. Vale notar que parte importante da queda no ano passado veio da quase paralisação do setor de transportes, sobretudo o aéreo. Nada indica que a retomada das economias será feita contendo-se as emissões globais. O The Independent comentou o trabalho.
Em tempo 1: A Exxon, uma das petroleiras mais resistentes à necessidade de lutar contra a mudança do clima, reviu sua previsão de extração de petróleo para 2025. Um tanto pela queda de demanda ao longo do ano passado, outro tanto pela oscilação dos preços do barril, a empresa prevê que extrairá 3,7 bilhões de barris anualmente até 2025, 1,3 bilhão menos do que as últimas previsões. Ao contrário de irmãs que anunciam metas de zerar as emissões líquidas, a Exxon anunciou que investirá mais em tentar remover dióxido de carbono da atmosfera e armazená-lo no fundo da Terra, o CCS, e em comprar créditos de carbono para compensar as emissões de suas operações. O Financial Times também comentou os anúncios que não mencionam que o problema climático é com os principais produtos do setor – petróleo e gás natural. Bem mais do que o quanto as irmãs emitem para extraí-los e vendê-los.
Em tempo 2: Quando Trump assumiu a presidência, a poderosa API (Instituto Americano do Petróleo) foi contra qualquer tentativa do congresso americano de criar um imposto sobre as emissões, inclusive uma iniciativa dos próprios republicanos. Entra Biden e a API passou a se interessar sobre um possível imposto. O ClimaInfo comentou este verdadeiro cavalo de pau, assim como a Bloomberg. Vão-se os anéis, ficam os dedos cheios de petróleo.
Fonte: ClimaInfo
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