Na década de 2000, a crescente preocupação com o desmatamento da Amazônia colocou em evidência a pecuária e o plantio da soja (consideradas as duas atividades que mais ameaçavam a floresta) e gerou uma série de políticas e acordos, entre eles a Moratória da Soja – um pacto entre a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a sociedade civil e o governo para coibir a comercialização e o financiamento de soja cultivada em áreas do bioma Amazônia desmatadas a partir de julho de 2006, quando a Moratória passou a vigorar.
Agora, um estudo inédito, de autoria da Mestre em Economia Anna Pede, buscou analisar o impacto isolado da Moratória na expansão da produção de soja dentro do estado do Mato Grosso, comparando áreas do bioma Amazônia (que estão sob efeito do acordo) com regiões próximas, de características semelhantes, mas que pertencem a outros biomas, identificadas assim como “regiões de fronteira”.
A dissertação “Expansão da soja na Amazônia brasileira: impactos diretos e indiretos da Moratória da Soja” analisou as áreas de cultivo do grão no estado Mato Grosso entre 2007 e 2014. Os resultados, que mostram um aumento no cultivo mesmo sem a incorporação de novas áreas de florestas, reforçam a defesa de que o crescimento da produção agrícola brasileira pode ser atingido com o aumento da produtividade em pastagens e áreas degradadas e sem a necessidade de novos desmatamentos.
De acordo com Anna, “em minhas análises, não encontrei qualquer impacto significativo na expansão da soja no bioma Amazônia em áreas cobertas por florestas. Ao mesmo tempo, foi possível observar uma expansão da soja em áreas não florestadas, em especial em regiões de pastagens”, comenta a economista, que é participante do Programa de Bolsas da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente.
Para chegar a este resultado, Anna utilizou dados de satélite do Mapbiomas, tanto de cobertura florestal quanto de cultivo de soja, em uma resolução de 1 km quadrado por pixel, comparando quais eram os pontos que tinham floresta antes da Moratória e o que houve com esses pontos.
Com a defesa, Anna Costola Pede conseguiu o título de Mestre em economia pela Faculdade de Economia e Administração da USP-Ribeirão Preto, sob orientação do Prof. Dr. Alexandre Nicolella.
Sobre a Cátedra Escolhas:
O Programa de Bolsas da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente está em sua 5ª edição e conta com apoio do Itaú, da Porticus e do Instituto Galo da Manhã. Tem por objetivo incentivar que economistas pesquisem questões ambientais para que o Brasil supere um dos principais desafios do nosso tempo, que é o de promover crescimento econômico com redução das desigualdades sociais, conjugada à proteção do meio ambiente e ao estabelecimento de políticas para a solução das mudanças climáticas. Desde seu início, o programa conta 30 bolsistas de doutorado e mestrado, sendo que 15 deles já defenderam suas teses.
Conheça os projetos e bolsistas: https://www.escolhas.org/catedra/noticias-catedra/
Veja também a série especial de Policy Briefs realizados pelos bolsistas: https://www.escolhas.org/policy-brief/
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