Embora comumente utilizado para casos de epilepsia e quadros de ansiedade, não se pode desconsiderar os riscos de efeitos adversos, por isso, só pode ser usado com acompanhamento médico e receita controlada
O Rivotril® é uma medicação muito utilizada no Brasil, e por uma triste razão nem sempre conhecida: nosso país é um dos líderes mundiais na ocorrência de transtornos de ansiedade, conforme mostra o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017. Em resposta a perguntas de um ouvinte, o professor João Paulo Machado de Sousa fala no podcast Minuto Saúde Mental dessa semana sobre o Rivotril®.
Rivotril® é, na verdade, o nome comercial da substância chamada clonazepam. Tecnicamente, o clonazepam é um medicamento da família dos benzodiazepínicos, da qual também fazem parte o diazepam (ou Valium®) e o midazolam (ou Dormonid®). Essas drogas e as outras da mesma família são conhecidas popularmente como calmantes ou ansiolíticos.
Os benzodiazepínicos funcionam como depressores do sistema nervoso, o que significa que eles diminuem o estado de alerta da pessoa, causando relaxamento, calma e sonolência. Uma outra droga que causa efeitos semelhantes é o álcool e, por isso, o Rivotril® não deve ser usado em combinação com o álcool ou várias outras drogas que também agem como depressoras do sistema nervoso.
Pelos efeitos descritos, este remédio é indicado para o tratamento de epilepsia e de quadros de ansiedade que podem fazer parte de vários transtornos, como o transtorno do pânico e o transtorno de ansiedade social. Além disso, o Rivotril® é usado com frequência no início de tratamentos com vários antidepressivos, já que eles podem ter efeitos opostos ao esperado no começo, aumentando os sentimentos de angústia do paciente. Nestes casos, o Rivotril® pode ajudar o paciente a tolerar o antidepressivo até que ele comece a fazer o efeito esperado pelo paciente e pelo psiquiatra.
Quanto aos possíveis riscos mencionados na pergunta do ouvinte, é importante saber que o Rivotril® só pode ser usado com acompanhamento médico e receita controlada, já que pode causar tolerância e dependência física e psicológica. Além disso, esta medicação não deve ser usada por mulheres grávidas ou que estão amamentando, sob o risco de causar danos ao bebê. O uso do Rivotril® causa sonolência e prejudica a atenção e a concentração e, por essas razões, geralmente a medicação é tomada logo antes de o paciente se deitar para dormir.
Embora muita gente hoje use o Rivotril®, é importante não desconsiderar os riscos mencionados e saber que existem resultados que sugerem até que a droga pode causar problemas de memória e prejuízos cognitivos no longo prazo, ainda conhecidos por muita gente como demência. Por fim, o uso de qualquer benzodiazepínico não deve ser interrompido bruscamente, já que a ausência repentina do medicamento no cérebro pode causar sintomas de abstinência e outras reações desagradáveis ou até perigosas.
Fonte: Jornal da USP
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