A Amazônia brasileira fechou em julho seu 2º ano mais destrutivo desde 2015, quando começou a série histórica do sistema DETER/INPE. De agosto de 2020 a julho de 2021, a floresta perdeu 8.712 km2, número apenas 5% inferior ao registrado nos 12 meses anteriores (9.216 km2), período que segue sendo o de maior desmatamento na série histórica.
Os dados do DETER são preliminares, já que o índice de julho ainda não incluiu os alertas registrados no último dia 31. Nos 30 dias contabilizados no mês passado, foram registrados alertas de desmate em uma área total de 1.417 km2, abaixo dos 1.659 km2 totalizados em julho de 2020. Pará (498 km2) e Amazonas (402 km2) foram os estados que concentraram a maior parte dos alertas de desmatamento em julho.
Nem mesmo o governo federal se entusiasma com a queda marginal no desmatamento nos últimos 12 meses. Na semana passada, o vice-presidente Hamilton Mourão reconheceu que a redução de pouco mais de 5% seria “muito pequena, muito irrisória”. Por ora, o general aposta na atuação das Forças Armadas para conter o desmatamento e as queimadas na Amazônia, a despeito dos resultados frustrantes obtidos em operações similares nos últimos dois anos.
“Até as árvores mortas da Amazônia sabem que nenhum número que o governo ponha na mesa tem credibilidade, já que falta ao Brasil o essencial: uma política de controle do desmatamento”, argumentou o Observatório do Clima. Exatamente pela falta de uma política coerente e séria para combater o desmatamento, a queda marginal obtida no último ciclo, a primeira em três anos, corre risco de que seja esporádica.
Além disso, como o IPAM destacou, os índices de desmatamento registrados sob o governo Bolsonaro seguem muito acima da média observada antes de 2019. “É preciso alertar que atingimos um novo patamar de desmatamento. Ao comparar o acumulado do DETER nos últimos três anos (2019, 2020 e 2021) com o acumulado dos três anos anteriores (2016, 2017 e 2018), houve um aumento de 70%”.
Já o Greenpeace Brasil observou que os sinais do governo Bolsonaro e seus aliados no Congresso Nacional seguem animando os criminosos responsáveis pela destruição da maior floresta tropical do mundo. “Os órgãos ambientais seguem enfraquecidos, enquanto o Congresso atua como aliado do governo no desmonte ambiental, discutindo e aprovando mudanças danosas na legislação, como o PL 2.633/2020 [PL da Grilagem], aprovado esta semana na Câmara dos Deputados”.
Os dados do DETER tiveram amplo destaque na imprensa, com matérias na CNN Brasil, Estadão, Folha, G1, O Globo, Jornal Nacional (TV Globo), UOL, Valor e Veja, entre outros.
Fonte: ClimaInfo
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