É possível ver um padrão no que diz respeito à indústria petroleira e o conhecimento dos impactos ambientais de seus produtos: da mesma forma que esta sabia com muita antecedência sobre o impacto da queima de combustíveis fósseis sobre o clima global, ela também tinha vasto conhecimento pregresso do risco que essas substâncias poderiam representar para a saúde humana.
Uma reportagem do Guardian mostrou que as gigantes do setor fóssil passaram os últimos 50 anos refutando possíveis regulações de saúde pública que prejudicassem seus negócios, mesmo sabendo dos danos que o consumo de petróleo poderia causar à saúde de seus consumidores. Tal qual a indústria do cigarro, as petroleiras apostaram em desinformação para questionar estudos que apontassem para os impactos da queima de petróleo sobre a saúde humana e para atrasar possíveis iniciativas de redução dos efeitos adversos da poluição do ar.
Um relatório interno da Shell datado de 1968 reconheceu que a poluição atmosférica causada pela queima de combustíveis como gasolina e diesel “pode, em situações adversas, ser prejudicial à saúde”, e que a queima desses combustíveis nos automóveis era a principal fonte poluidora. O documento também ressaltou os riscos à saúde de substâncias decorrentes da queima do petróleo, como o dióxido de enxofre e o dióxido de nitrogênio. Mesmo assim, tanto a empresa como suas concorrentes de mercado rejeitaram em público qualquer responsabilidade sobre o problema e atuaram para impedir ou atrasar a imposição de limites de poluição – em alguns casos, essas políticas só saíram do papel no começo deste século.
Em tempo 1: Um grupo de organizações ambientalistas entrou com reclamação na Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA contra a Chevron. Segundo eles, a companhia está enganando os consumidores sobre seus esforços para reduzir as emissões de carbono ao divulgar peças publicitárias que prometem uma “energia cada vez mais limpa”. A FTC, que investiga alegações de propaganda enganosa nos EUA, deve analisar o caso. Bloomberg, Financial Times e Reuters deram mais detalhes.
Em tempo 2: Depois de um aumento de 60% desde novembro, o preço do barril de petróleo caiu 7% na semana passada. O aumento, embalado pela retomada econômica nos grandes países, foi tido por analistas, como exagerado. Agora, face a uma nova revoada de lockdowns e a recuperação das economias da China e dos EUA ainda dando sinais de fraqueza, a queda significaria um banho de realidade. Mesmo assim, o preço do barril ficou um pouco acima de US$ 60.
Fonte: ClimaInfo
Comentários