A ativista Greta Thunberg não escondeu a irritação com o falatório dos líderes internacionais sobre a questão climática. Para ela, tudo não passa de “promessas vazias” que mascaram o fracasso e a indisposição dos governos para agir contra a mudança do clima.
“Não existe planeta B, não existe planeta blá-blá-blá, economia verde blá-blá-blá, neutralidade do carbono até 2050 blá-blá-blá. Isso é tudo o que ouvimos dos nossos supostos líderes: palavras”, disse Greta durante evento da ONU sobre juventude e clima em Milão. “Palavras que parecem boas, mas que não levaram a ação alguma. Nossas esperanças e sonhos são afogados em suas palavras e promessas vazias”.
O encontro em Milão reuniu cerca de 400 jovens de 190 países e teve como objetivo elaborar propostas e um documento para os negociadores da COP26. “Esses jovens aceitaram um desafio: parem de apenas protestar e comecem a propor soluções”, disse o ministro italiano da transição ecológica, Roberto Cingolani, à Reuters.
Greta não demonstrou confiança na promessa de Cingolani e criticou duramente a falta de abertura para participação da juventude na definição dos compromissos e ações climáticas. “[Os países] convidam jovens para reuniões como esta e fingem nos ouvir, mas não o fazem. Nunca nos ouvem. Mas é possível mudar as coisas”. O Globo, AFP, Associated Press, BBC, Guardian e Reuters repercutiram as críticas.
O presidente da COP26, Alok Sharma, também participou do encontro de jovens em Milão, onde foi pressionado para dar mais espaço a esses grupos nas negociações em Glasgow e para pressionar os negociadores por mais ambição sob o Acordo de Paris. “É hora dos líderes das maiores economias, os maiores emissores de gases de efeito estufa, os países do G20 assumirem compromissos mais ousados para reduzir emissões. Os países desenvolvidos também precisam cumprir sua promessa de dinheiro para apoiar os países em desenvolvimento a lidar com o crescente impacto da mudança do clima”, defendeu Sharma. A Reuters destacou o apelo do presidente da COP26.
Em tempo: A novela da formação do futuro governo alemão está apenas começando e tudo indica que ela irá longe, possivelmente até o final do ano. Isso joga incerteza sobre a postura da Alemanha nas negociações da COP26: a depender da composição do novo governo, especialmente se o Partido Verde aderir à coalizão governista, é possível que os negociadores alemães destravem conversas antigas sobre o abandono do carvão nesta década, algo ignorado sob a gestão de Angela Merkel. Jennifer Rankin tratou dessa questão no Guardian.
Fonte: ClimaInfo
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