A frustração internacional com a situação ambiental do Brasil acabou gerando uma disputa entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional em torno de medidas para atenuar a má imagem internacional do país. No Legislativo, duas prioridades políticas prara este período anterior à COP26 são a criação do mercado nacional de créditos de carbono e a antecipação da meta de redução de emissões de 43% de 2030 para 2025. Já no Executivo, a cautela é maior do que a vontade de “mostrar serviço”, com o governo priorizando medidas mais simbólicas, como o compromisso de zerar o desmatamento ilegal em 2030.
O Valor abordou a articulação política no Congresso em torno do projeto da senadora Kátia Abreu (TO), que quer antecipar a meta de mitigação do Brasil sob o Acordo de Paris. Já O Globo destacou a resistência do governo federal quanto ao projeto do mercado de carbono, visto pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, como uma das iniciativas mais importantes para o país apresentar ao mundo durante a COP. Para tanto, Lira acionou seu já famoso “modo trator” para avançar com a proposta na Câmara, mesmo sem o entusiasmo do Planalto.
Enquanto isso, o governo apresentou nesta 3ª feira (19/10) a repaginação do Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que pretende reduzir as emissões de gases de efeito estufa do setor agropecuário brasileiro. A meta do ABC+, como foi batizado, será evitar a liberação de 1,1 bilhão de toneladas de CO2 equivalentes até 2030, volume sete vezes superior ao previsto pelo plano na década passada.
O anúncio se deu em evento conjunto dos ministérios da agricultura e do meio ambiente, com o objetivo explícito de “gerar boa notícia” para o governo antes da Conferência do Clima de Glasgow. Agência Brasil, Poder360 e Valor repercutiram o anúncio.
Em tempo: A ginástica política do governo Bolsonaro para “limpar sua barra” na questão ambiental não apaga aquilo que tem sido a marca desta administração desde seu 1º dia – ataques contra o meio ambiente e os Direitos Humanos e os defensores dessas pautas no Brasil. O governo que quer convencer o mundo de que é respeitável nessa agenda é o mesmo que insiste com a “boiada” sobre a política ambiental e os direitos dos Povos Indígenas. No Climate Home, Sonia Guajajara, da APIB, ressaltou a luta dos indígenas brasileiros contra o governo federal e pela defesa de suas terras tradicionais. “Desde que Jair Bolsonaro se tornou presidente em janeiro de 2019, houve um aumento acentuado nas invasões armadas de nossas terras, as salvaguardas ambientais foram destruídas, enquanto o desmatamento e os ataques contra os Povos Indígenas aumentaram”, escreveu.
Fonte: ClimaInfo
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