O ministro Bento das minas e energia falou em cadeia nacional na 2ª feira para pedir a todos que economizem água e energia. Ele citou, corretamente, que a crise hídrica é aguda no Sudeste e Centro-Oeste, mas não falou que a situação não é grave no Nordeste e que os amazônidas sofreram com enchentes históricas há pouco tempo.
O governo soltou uma medida provisória dando poderes para o ministro Bento gerir a crise. A medida provisória saiu na 2ª feira e, com ela, o ministro Bento passa a controlar as mais de 24.000 represas do Brasil, apesar de menos de 700 delas terem algum aproveitamento energético. Antes, a gestão das águas era compartilhada pela ANA (Agência Nacional de Águas) e o IBAMA – este último vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e o primeiro ao Ministério do Desenvolvimento Regional. A MP criou uma Câmara para gestão da crise presidida pelo ministro Bento. Nem a ANA, nem o IBAMA fazem parte da Câmara. As represas servem múltiplos usos e não só para a geração de eletricidade. Em tese, o abastecimento da população é prioridade e a geração disputa o uso das águas com a irrigação, indústria e criação animal. O ministro Bento é almirante e deve ter sentido falta de controlar os mares.
Como as térmicas fósseis precisarão ser acionadas e a energia delas é mais cara do que as das hidrelétricas, eólicas e fotovoltaicas, ontem a ANEEL aumentou o valor da bandeira vermelha 2 em mais de 50%.
No programa, ele repetiu uma narrativa enganadora. Ele e seu ministério estão dizendo que querem que pessoas e indústrias passem a consumir fora do horário de maior demanda. Só que consumir eletricidade esvazia reservatórios independentemente do horário. O horário de maior demanda é atendida pelo tamanho do sistema – a capacidade total de todas as usinas junto com todo o sistema de transmissão e distribuição. Por trás desta narrativa vem a falsa afirmação de que o país precisa de mais térmicas fósseis e nucleares.
O Globo trouxe a fala do ministro. A MP empoderando o ministro foi comentada na CNN. O aumento da tarifa saiu no Estadão e na Folha. A conexão da crise com o horário de maior demanda aparece em uma matéria do Valor, além da própria fala do ministro.
Fonte: ClimaInfo
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