Para dar ideia do que significaria a aprovação do PL 490/2007, o que na prática acaba com direitos indígenas consagrados na Constituição, vale conferir este levantamento in loco sobre o avanço do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Feito pela Hutakara Associação Yanomami, a partir de sobrevoos realizados entre os dias 7 e 9 de abril passado, o levantamento identifica vastas áreas de exploração de ouro dentro do território indígena – uma “nova Serra Pelada” cravada no coração da reserva.
De acordo com o levantamento, o garimpo foi responsável pela degradação de 200 hectares de floresta apenas no primeiro trimestre de 2021 na área. Imagens de satélite apontam para uma devastação ainda maior: a TI Yanomami perdeu mais de 2,4 mil hectares de floresta para o garimpo, sendo que 500 hectares foram devastados apenas em 2020. Se o ritmo dos primeiros meses deste ano se mantiver, a situação poderá ser ainda mais dramática em 2021. Folha e G1 repercutiram o avanço do garimpo no território Yanomami.
Munduruku: A situação das comunidades nativas na TI Munduruku, no Pará, também é preocupante. Além dos episódios recentes de violência e conflito entre indígenas e garimpeiros, dados do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração apontam para um salto de 500% nos casos de malária na região entre 2018 e 2020 – de 645 casos para 3.624 – como revelou Guilherme Amado no Metrópoles. O principal vetor do avanço da malária entre os Munduruku são os garimpeiros, que avançam no território e se aproximam cada vez mais das aldeias.
Em tempo: Estadão e O Globo tiveram acesso a áudios de WhatsApp trocados entre garimpeiros na região da TI Munduruku nos últimos dias. Pelas gravações, os criminosos anteciparam informações sobre uma operação da Polícia Federal que seria realizada ontem (25/5) nos municípios de Jacareacanga e Itaituba (PA) para combater o garimpo ilegal. Nos áudios, os garimpeiros alertaram sobre o deslocamento das equipes, a presença de carros e helicóptero da PF e locais que poderiam ser afetados pela fiscalização. A PF ainda não sabe como as informações foram vazadas.
Fonte: ClimaInfo
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