Depois de ser alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal, Ricardo Salles resolveu “dar um tempo” nas aparições públicas e priorizar esforços para permanecer no ministério. Segundo Jussara Soares n’O Globo, o objetivo é evitar gestos que pareçam provocação ao STF e que, por consequência, azedem ainda mais a situação jurídica de Salles na Corte.
Dentro do governo, por ora, a situação do ministro ainda é confortável: Bolsonaro mantém confiança pública em Salles e vem rejeitando a pressão de aliados políticos no Congresso e do empresariado para substituí-lo.
Com Salles escondido, o vice-presidente-general Mourão tenta aproveitar a ocasião para retomar o protagonismo na agenda ambiental dentro do governo Bolsonaro. Em conversa com Malu Gaspar no podcast A Malu Tá ON (O Globo), Mourão comentou sobre a explosão recente do desmatamento e a nova operação de garantia da lei e da ordem (GLO) que o governo prepara para auxiliar a fiscalização ambiental na Amazônia nos próximos meses. O vice também reclamou da falta de pessoal nos órgãos ambientais – um problema crônico que o governo Bolsonaro intensificou nos últimos anos. Não faltaram indiretas saborosas de Mourão ao desafeto Salles.
Enquanto isso, o IBAMA se manifestou no STF defendendo o polêmico despacho que facilitou a exportação de madeira sem autorização específica. De acordo com investigadores da Polícia Federal, o despacho assinado pelo presidente afastado do IBAMA, Eduardo Bim, está no centro do esquema de contrabando de madeira desbaratado pela Operação Akuanduba. O IBAMA defendeu a mudança normativa e negou que esta tenha comprometido a fiscalização; para o órgão, o despacho teve como objetivo evitar “morosidade”. O despacho foi anulado pelo STF, e o IBAMA foi forçado a retomar as normativas anteriores de fiscalização. O Valor deu mais detalhes.
Em tempo: Enquanto o governo Bolsonaro persegue o próprio rabo e se omite no combate ao desmatamento na Amazônia, a posição da União Europeia segue firme e intransigente no que diz respeito às exigências ambientais atreladas ao acordo comercial com o Mercosul. Para o embaixador da UE no país, Ignacio Ybáñez, o crescimento do desmatamento pode inviabilizar qualquer possibilidade de aprovação do tratado pelos países europeus. “O índice de desmatamento de abril e maio não é um bom sinal”, comentou Ybáñez em evento da Confederação Nacional da Indústria nesta 5ª feira (17/6). Correio Braziliense e O Globo repercutiram a fala.
Fonte: ClimaInfo
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