A maior floresta tropical do mundo está perdendo a sua capacidade de fornecer um serviço climático gigantesco, como era de esperar. Em vez disso, a Floresta Amazônica pode estar aquecendo a atmosfera global no lugar de resfriá-la. É o que aponta o estudo de uma equipe internacional de mais de 30 autores, incluindo pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
A pesquisa oferece uma abrangente avaliação dos efeitos da Floresta Amazônica, incluindo a sua degradação por fogo e outros processos, no clima global até o momento, e foi publicado recentemente no periódico suíço Frontiers in Forests and Global Change.
O artigo Carbono e além: a biogeoquímica do clima em uma Amazônia em rápida mudança (Carbon and Beyond: The Biogeochemistry of Climate in a Rapidly Changing Amazon) revisa os impactos relacionados ao desmatamento e à perda da floresta no bioma no dióxido de carbono CO2, além de investigar vários agentes de mudança menos reconhecidos, incluindo os outros gases de efeito estufa, como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), carbono negro de incêndios, compostos orgânicos voláteis biogênicos, aerossóis, ozônio e a soma da evaporação da água, do solo e da transpiração das plantas.
A extensa avaliação do efeito líquido da região amazônica destaca que a Amazônia está provavelmente aquecendo o clima e sua perda contínua causará mais prejuízos não somente para a região, mas também para o mundo. “Olhamos todo o sistema ambiental da Amazônia, tentando considerar mais do que apenas o dióxido de carbono”, disse Kris Covey, autor principal e professor visitante de estudos e ciências ambientais na Skidmore College (EUA). “Ao avaliar o impacto combinado desses fatores, pela primeira vez, ficou claro que a Amazônia não está proporcionando o benefício climático que esperamos da maior floresta tropical”.
De acordo com o pesquisador do Inpa, Philip Fearnside, a Amazônia tem uma grande variedade de efeitos sobre o aquecimento global, e o efeito líquido é o saldo de todos os impactos negativos e positivos em termos de aquecimento global. “O trabalho mostra que o efeito líquido da região é negativo, já que os efeitos benéficos têm diminuído e as emissões que causam o efeito estufa aumentaram, incluindo alguns impactos até agora pouco conhecidos, como a emissão de metano pela floresta”.
Os efeitos positivos da Floresta Amazônica incluem a absorção de carbono pela floresta em pé, que é um benefício que tem diminuído bastante ao longo dos últimos anos e funcionava como um “freio” ao processo de aquecimento global. Também há reabsorção de carbono pelo crescimento de florestas secundárias, nas áreas já desmatadas. Por outro lado, há impactos sobre a emissão de carbono pelo desmatamento e pela degradação da floresta por exploração madeireira, mortalidade de árvores em eventos climáticos extremos, como secas, tufões e inundações, e há emissões da própria floresta e das áreas inundadas naturalmente e por hidrelétricas.
Fonte: Amazonas Atual
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