Na semana passada, um estudo indicou que a Amazônia pode ter superado um “ponto de inflexão” climática e passado a emitir mais carbono do que a absorvê-lo. Mesmo assim, ainda há chances para salvarmos a floresta – e todas elas passam pela suspensão integral e imediata de seu desmatamento. O alerta é da cientista do INPE, Luciana Gatti, autora principal da pesquisa publicada na Nature.
Em entrevista ao Observatório do Clima (OC), Gatti destacou como o avanço do desmatamento está revertendo o papel climático da maior floresta tropical do mundo e ressaltou que qualquer esforço para atacar a mudança do clima – e os impactos que ela causa no resto do Brasil e no mundo – passa pela proteção da área vegetal amazônica que ainda nos resta, bem como pela recuperação florestal dos trechos desmatados. “É urgente não só fazer uma moratória do desmatamento, com política de desmatamento zero, como ainda ter grandes projetos de recuperação florestal nas áreas mais impactadas”, disse Gatti.
Enquanto isso, o governo Bolsonaro ampliou o escopo de atuação das Forças Armadas na operação de garantia da lei e da ordem (GLO) no Amazonas, estendendo a fiscalização pelos militares para todo o estado. A mudança foi feita a pedido do governador amazonense, Wilson Lima. Até agora, apenas sete municípios do AM estavam contemplados pela GLO, além de outros 19 de Rondônia, Pará e Mato Grosso. Estadão e UOL deram mais detalhes.
Do outro lado do Atlântico, em viagem oficial a Angola, o vice-presidente general Mourão foi ao Twitter comemorar a apreensão de uma carga de madeira ilegal pelo Exército em Altamira (PA). “O pau canta no lombo dos infratores”, escreveu Mourão com um tom duro, muito distante de qualquer coisa dita e feita pela atual administração no que diz respeito ao combate a ilegalidades ambientais. Poder360 destacou o post de Mourão.
Ainda sobre o governo federal e Amazônia, Carla Araújo e Giulia Fontes escreveram no UOL sobre os planos do Planalto para quadruplicar o total de florestas públicas concedidas à iniciativa privada. Nove áreas estão em estudo para concessão, seis na Amazônia e três no Sul do país. A ideia é que ao menos 4 milhões de hectares estejam sob gestão privada até o final de 2023. O problema é que o desmatamento pode atrapalhar a pretensão – afinal de contas, qual empresa vai querer investir recursos financeiros na gestão de uma área desmatada?
Em tempo: No Valor, Daniela Chiaretti conversou com o documentarista João Moreira Salles sobre a situação da Amazônia e o ciclo recente de destruição florestal. Ele era uma criança quando visitou a floresta pela primeira vez, no canteiro de obras da Transamazônica. Para ele, as cenas de “violência desejada” vistas nos anos 1970 são parecidas com as que temos hoje na floresta. “Aquilo não é nada se a mata não for posta abaixo e ocupada pelo homem branco. A destruição é avassaladora e a troco de nada, ou de muito pouco”.
Fonte: ClimaInfo
Comentários