O mês de outubro registrou 877 km² de área desmatada na Amazônia, alta de 5% e patamar mais alto para o mês desde 2015
Enquanto o Brasil tenta vender uma imagem verde nos corredores da Conferência do Clima (COP26) e propagandeia a meta de zerar a derrubada ilegal de florestas até 2028, novos dados do desmatamento expõem o vazio dos discursos dos representantes brasileiros. De acordo com o monitoramento do Deter, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o mês de outubro de 2021 teve 876,5 km² de área desmatada na Amazônia Legal. O número representa uma alta de 5% em relação ao mesmo mês do ano passado e é recorde para o período. Desde 2015, quando os dados passaram a ser sistematizados na plataforma TerraBrasilis, outubro não registrava uma taxa tão elevada. O detentor do recorde até então era justamente o ano passado, quando o desmatamento subiu para o patamar de 835,7km², numa alta de 50,5% para o mês em questão.
Entre os estados, o desmatamento foi liderado pelo Pará (500,59km²), seguido pelo Amazonas (116,27km²), Mato Grosso (105,01km²), Rondônia (100,16km²) e Acre (39,58km²). Apesar de ter figurado em quinto lugar, é no território acreano que está a unidade de conservação mais devastada, a Reserva Extrativista Chico Mendes, que perdeu 9,89km² de cobertura florestal no mês de outubro.
A divulgação dos dados do Deter, que mede a destruição das florestas em tempo quase real, torna ainda mais sonoro o silêncio do governo brasileiro sobre os dados do Prodes, o outro sistema do Inpe que fornece a taxa anual de desmatamento no país.
Como ((o))eco expôs, ao contrário de anos anteriores em que os dados do Prodes foram divulgados antes ou durante a COP – já que o desmatamento é uma informação chave para dimensionar as emissões de carbono do país – neste ano o governo brasileiro decidiu não tornar públicas ainda as estimativas e foi para COP26 sem a informação oficial do quanto o país desmatou entre agosto de 2020 e julho de 2021, período que marca o calendário do desmatamento.
De acordo com os dados do Deter, foram registrados quase 9.000 km² de área desmatada na Amazônia neste período (agosto de 2020 a julho de 2021). Historicamente os números do Deter são sempre menores que a taxa anual calculada pelo Prodes.
“As emissões acontecem no chão da floresta, não nas plenárias de Glasgow. E o chão da floresta está nos dizendo que este governo não tem a menor intenção de cumprir os compromissos que assinou na COP26”, avalia Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Fonte: O Eco
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