Cautela ainda é palavra de ordem nos corredores da COP26, mas os negociadores que discutem a regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris estão mais confiantes quanto à possibilidade de um entendimento na questão dos mercados de carbono.
Como destacou Daniela Chiaretti no Valor, estas discussões parecem caminhar para uma conclusão bem-sucedida, o que seria um avanço significativo para a Conferência em um tema que tem sido pedra no sapato dos negociadores desde a adoção do Acordo de Paris, em 2015. Segundo Jamil Chade, no UOL, o Brasil, que foi a pedra no sapato dos negociadores em Madri, na COP25, cedeu e aderiu a uma proposta conjunta de um grupo liderado pelo Japão.
No entanto, o caminho para um entendimento ainda é desafiador. Isso porque os problemas centrais do debate ainda não foram resolvidos. Questões como os ajustes correspondentes e o aproveitamento dos créditos de carbono gerados sob o Protocolo de Quioto no novo mecanismo climático de Paris ainda seguem em aberto. O Financial Times também explicou o tabuleiro das conversas sobre mercados de carbono em Glasgow.
Nos outros tópicos da agenda de negociação da COP26 a situação é menos promissora. O próprio presidente da Conferência, Alok Sharma, reconheceu que o esboço de decisão apresentado pelo governo britânico não agradou a ninguém em Glasgow, mas reforçou a urgência de sairmos da COP com avanços substantivos no combate à crise climática. “Continuamos a buscar na COP26 por um resultado ambicioso. Francamente, é isso que o mundo merece”, defendeu Sharma em coletiva de imprensa nesta 5a feira (11/11). O Valor repercutiu a fala de Sharma.
O ponto mais sensível das conversas segue sendo o do financiamento climático. Os países em desenvolvimento exigem de suas contrapartes desenvolvidas a apresentação de um roteiro para a viabilização de compromissos antigos, além de garantir novos recursos financeiros para apoiar ações de mitigação e adaptação nas nações mais vulneráveis à mudança do clima. Os países ricos reconhecem a necessidade de ampliar o financiamento, mas não querem se comprometer com novas cifras e prazos, ao menos por enquanto.
Em entrevista à Associated Press, o ministro Bhupender Yadav, da Índia, ressaltou que os países em desenvolvimento não avançarão com novos compromissos de mitigação enquanto as nações ricas não oferecerem financiamento garantido e substancial. “O financiamento climático não é caridade. Este é obrigação e responsabilidade das nações desenvolvidas, que têm responsabilidade histórica maior do que as outras [na questão climática]”, disse Yadav.
Com o relógio correndo contra, os negociadores se preparam para uma maratona que pode adentrar no final de semana, estourando o prazo das 18h (hora local de Glasgow, 15h pelo horário de Brasília) desta 6ª feira (12/11) previsto para a conclusão da COP.
Fonte: ClimaInfo
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