O sistema elétrico nacional foi construído sobre bases que, desde há algum tempo, não mais se sustentam. Pedro Bara, no Valor, descreve como estas bases foram construídas: “Servindo a uma geração hídrica caracterizada por uma sequência sinérgica de reservatórios de regulação, eventualmente complementada por uma reserva térmica fóssil”. Bara conta que o sistema foi planejado para uma vazão dos rios brasileiros que não existe mais. A entrada das eólicas e fotovoltaicas e as grandes hidrelétricas a fio d’água na Amazônia fragilizam o sistema centralizado que não incorpora os custos reais de transmissão na atual divisão em submercados. Como a mudança do clima aponta para menos água nos principais reservatórios, Bara diz que não há volta para o passado e que é necessário se repensar o sistema fortemente centralizado, porém frágil.
Celso Ming, no Estadão, também diz que não haverá mais tanta água como antes. Ele propõe a entrada de mais fontes não dependentes dela e cita, corretamente, as fontes eólica e solar. Mas, compactua com a mesma distorção de outros ao incluir as termelétricas, que, além de caras, agudizam a mudança do clima. Ming passa longe da crítica sistêmica feita por Bara, mas estende o olhar para a falta d’água e para o tremendo desperdício dos sistemas de saneamento existentes.
E por falar em saneamento, 53 cidades da metade sul do país já estão racionando água. José Tomazela, no Estadão, faz um panorama das cidades nos Sul, Sudeste e Centro-Oeste que, desde o ano passado, não têm água suficiente para o abastecimento normal. Ele também comenta que a situação em Belo Horizonte é crítica, mas sem cortes, por enquanto. Aliás, em São Paulo, o sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de metade da região metropolitana, também está baixo, segundo a Sabesp. Além do problema do abastecimento de água, Tomazela fala sobre os problemas da navegação na hidrovia Paraná-Tietê, também impactada pela falta de água.
Fonte: ClimaInfo
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