Os efeitos da pior seca em mais de nove décadas no Brasil já são sentidos de maneira dramática em algumas regiões do país. O Globo mostrou que o abastecimento de água potável enfrenta problemas em cidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Em Curitiba, por exemplo, o racionamento já é uma realidade, com suspensões de até 36 horas. Já em Bauru (SP), a torneira chega a ficar seca por até 48 horas. Na capital paulista, a SABESP admitiu que a pressão tem sido reduzida em todas as regiões no final do dia para reduzir o consumo e as perdas no sistema de distribuição. O g1 deu mais detalhes.
A situação não preocupa apenas os consumidores residenciais. No campo, a falta de chuvas está deixando os produtores preocupados com possíveis perdas na safra. O Estadão destacou a incerteza de agricultores no norte do Paraná, que pretendiam semear soja no final de setembro, mas que tiveram que rever seus planos com a seca.
A preocupação com os efeitos da seca também é grande entre os economistas. “Não vamos ter um cenário tão amistoso para alimentos, o que pode pressionar a inflação de 2022”, afirmou André Braz (FGV) ao Estadão. Considerando o risco climático, ele projetou uma inflação de 8,71% para o setor de alimentos no ano que vem, bem acima da meta da inflação do Banco Central de 3,5% para 2022.
A seca está causando problemas também no escoamento da produção agrícola através das hidrovias da Bacia do Prata. No Guardian, William Costa destacou os problemas enfrentados pelos produtores rurais da região, que não conseguem mais embarcar suas mercadorias nos rios Paraguai e Paraná por causa do nível baixo da água.
Em tempo: Moradores de Franca e outras cidades no interior de São Paulo e Minas Gerais foram surpreendidos neste domingo (26/9) por um verdadeiro paredão de areia que escureceu o céu e transformou o dia em noite. De acordo com a meteorologista Estael Sias, da MetSul, isso foi causado pela chegada de ventos fortes de chuva na região, que “varreram” o solo seco e criaram uma densa nuvem de poeira. Esse fenômeno, chamado de haboob, é comum no Oriente Médio e em outras áreas secas, mas foi favorecido no interior paulista e mineiro pela falta de chuvas e a ocorrência de queimadas, deixando um grande volume de poeira no chão. A SABESP pediu aos moradores das cidades afetadas que não utilizem água para limpar a poeira, o que, de acordo com a Folha, não vem sendo seguido. Estadão e O Globo também repercutiram essa notícia.
Fonte: ClimaInfo
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