Enquanto o Brasil se depara com mais uma crise hídrica e de eletricidade, pagando mais caro na conta de luz e ainda correndo o risco de ficar no escuro, o Instituto Escolhas traz um novo estudo, mostrando que o biogás tem um enorme potencial para gerar energia na Amazônia e ao mesmo tempo contribuir com a gestão de resíduos.
O estudo “Biogás: energia limpa para a Amazônia”, lançado nesta segunda-feira, mostra que nos estados da Amazônia é possível produzir 537 milhões de m³ de biogás por ano e gerar 1,1 TWh de eletricidade, o suficiente para atender 556 mil residências e beneficiar 2,2 milhões de pessoas. Esse potencial está no aproveitamento dos resíduos urbanos (o lixo coletado pelos municípios) e dos resíduos da piscicultura e da produção da farinha de mandioca, duas importantes atividades da bioeconomia da Amazônia.
De todo o potencial de geração de biogás na região, 98% tem como origem os resíduos urbanos, cujo aproveitamento, além de gerar energia, traz como benefício o tratamento adequado do lixo coletado nos municípios, contribuindo com o meio ambiente, com o saneamento e para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Hoje, apenas 6% dos resíduos urbanos na Amazônia são aproveitados para a geração de energia nos aterros sanitários de Manaus (AM) e Rosário (MA).
Larissa Rodrigues, gerente de projetos do Escolhas, reforça que, além da questão energética, o uso do biogás pode significar um incentivo importante para transformar os 243 lixões a céu aberto e os 51 aterros controlados que existem na região, dando tratamento adequado aos resíduos.
“Essas unidades já não deveriam existir e a energia limpa do biogás pode ser um componente importante para viabilizar os investimentos necessários para transformá-las em aterros sanitários, contribuindo para resolver um grave problema sanitário e ambiental”, comenta.
Além disso, o biogás pode garantir energia segura e reduzir os custos das atividades de piscicultura e produção de farinha de mandioca, impulsionando esses negócios.
O estudo destaca que a Amazônia produz mais de 500 mil toneladas de farinha de mandioca (cerca de 40% de toda a produção nacional) e 160 mil toneladas de peixes anualmente. Com os resíduos das casas de farinha seria possível gerar 6 GWh de energia elétrica e nos frigoríficos de abate de peixes, outros 13 GWh de energia elétrica por ano, que podem abastecer esses negócios.
Para a gerente do Escolhas, os resultados reforçam a necessidade de considerarmos o enorme potencial do biogás na Amazônia. Para ela, “é preciso criar com urgência um Programa de Geração de Energia do Biogás para estimular essa produção em aterros sanitários e também nos negócios da bioeconomia”. Larissa completa afirmando que é preciso priorizar os investimentos em energias renováveis. “Podemos ter energia limpa e segura na Amazônia e estimular a geração de empregos e renda em muitos negócios”.
Fonte: Instituto Escolhas
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