A desnutrição infantil, um problema crônico em diversas partes do mundo, pode se tornar ainda mais aguda por conta dos efeitos da mudança do clima sobre a produção e a disponibilidade de alimentos para as crianças. Segundo uma nova pesquisa, que analisou a “diversidade alimentar” de mais de 100 mil crianças de 19 países de baixa e média renda, as temperaturas mais altas no longo prazo causaram uma queda significativa na nutrição infantil em geral. A escala desses efeitos sugere que os impactos da mudança do clima sobre a nutrição infantil podem superar os efeitos positivos de melhorias socioeconômicas e demográficas – como educação, acesso à água e redução da pobreza. O estudo foi publicado na Environmental Research Letters.
Hoje, uma em cada três crianças menores de cinco anos de idade no mundo sofre com desnutrição, a maior parte em países pobres nas América Latina, África e Ásia. Até 2015, as taxas globais de desnutrição vinham caindo de maneira sustentada por décadas; no entanto, nos últimos cinco anos, a tendência se reverteu e o número total de crianças subnutridas vem aumentando. Segundo os autores, isso se deve em parte aos efeitos de eventos climáticos extremos, que se tornaram mais intensos nos últimos anos.
“Mudanças de temperatura a longo prazo podem afetar a fisiologia das safras e dos animais, e níveis mais altos de CO2 também podem alterar o conteúdo de micronutrientes nas safras”, explicou Meredith Niles, da Universidade de Vermont (EUA) e autora principal do estudo, ao Carbon Brief. “Mas eventos climáticos de curto prazo, como secas e inundações, podem ter grande impacto no acesso e na disponibilidade de alimentos e, possivelmente, afetar as cadeias globais de abastecimento”. O estudo também foi destacado por AFP e Reuters.
Fonte: ClimaInfo
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