Um levantamento divulgado ontem (11/3) pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) apontou como alguns governos estão aproveitando a crise sanitária global para enfraquecer a proteção ambiental em todo o mundo. Desde o começo da pandemia, há um ano, ao menos 22 países aprovaram mudanças na legislação e na estrutura de fiscalização ambiental, colocando em risco áreas protegidas. Infelizmente, a “boiada” puxada por Ricardo Salles colocou o Brasil como um dos países que registrou os maiores retrocessos ambientais nos últimos 12 meses, com a redução significativa de orçamento, o desmonte de órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental, a flexibilização de regras e leis e ataques a defensores do meio ambiente e indígenas.
Globalmente, a situação é delicada. Mais da metade das áreas protegidas na África teve que interromper ou reduzir o patrulhamento e as operações contra a caça ilegal de animais. Na Ásia, pelo menos ¼ das áreas protegidas foram afetadas pelas disrupções causadas pela pandemia, com prejuízo à capacidade de monitoramento ambiental. Pelo menos 20% dos profissionais responsáveis por atividades de fiscalização perderam seus empregos no último ano, e 25% tiveram redução significativa de sua renda.
O levantamento foi publicado na edição especial da revista PARKS, focada nas conexões entre a COVID-19 e a conservação da natureza. A edição conta também com artigos de opinião de lideranças internacionais destacadas, como o Nobel da Paz e ex-presidente colombiano, Juan Manuel Santos, a ex-alta-comissária da ONU para Direitos Humanos e ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson, e a secretária-executiva da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Elizabeth Maruma Mrema. A Reuters deu destaque a essa notícia.
Em tempo 1: Em linha com a filosofia da “boiada”, o governo federal decidiu não aderir a uma iniciativa internacional que busca o reconhecimento do direito a um meio ambiente seguro, limpo e sustentável como um direito humano. A proposta foi apresentada nesta semana e conta com o apoio de países como Alemanha, Bangladesh, França, Dinamarca, Marrocos e Quênia, entre outros. Como Jamil Chade informou no UOL, todos os parceiros brasileiros no Mercosul subscreveram a proposta, além de outros vizinhos como Chile, Costa Rica, México e Peru. O Brasil, lar de uma das maiores biodiversidades do planeta, faz aquilo que se especializou sob a gestão Bolsonaro na agenda internacional – se isola do resto do mundo.
Em tempo 2: O desastre ambiental presidido por Bolsonaro no Brasil deve colocar esse tema no debate público nas eleições presidenciais de 2022. No entanto, o primeiro disparo aconteceu fora do Brasil: no jornal inglês Financial Times, o apresentador e possível presidenciável Luciano Huck atacou o atual mandatário brasileiro pela negação da crise climática e o isolamento político e econômico do país causado pela destruição ambiental.
Fonte: ClimaInfo
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