No ano passado, pouco depois que a pandemia foi oficialmente anunciada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o Pantanal começou a viver uma tragédia.
Cerca de 4 milhões de hectares desse bioma – cerca de 26% da área total – foram devastados pelos incêndios, que mataram e feriram gravemente diversos animais e devoraram, para sempre, muitas espécies da vegetação.
Uma grande onda de solidariedade e de profissionalismo cercou o bioma para salvar animais e impedir que o fogo se alastrasse e destruísse ainda mais o bioma. A cada dia, as notícias eram desesperadoras, mas também nos mostravam ações de grande impacto social e ambiental.
Agora, com o objetivo de ajudar a evitar que este ano os incêndios se propaguem como em 2020, a iniciativa Documenta Pantanal decidiu movimentar o mercado de arte e promover uma corrente de solidariedade em prol da preservação do ecossistema pantaneiro.
Desde 2018, a iniciativa que reúne estudiosos, empresários, artistas e produtores procura alertar a sociedade para as questões mais urgentes desse bioma, se comunicando por meio da arte.
E, assim, acaba de lançar o projeto Artistas Pelo Pantanal, em parceria com artistas e galerias que doaram 44 obras, em linguagens diversas, para arrecadar fundos (calculados em R$ 2 milhões), que serão administrados pela organização SOS Pantanal.
O valor arrecadado será destinado à compra de equipamentos e à formação e à manutenção de 14 brigadas comunitárias anti-incêndio, pelo período de três anos, em diferentes regiões do Pantanal: Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Barão de Melgaço, Poconé (onde fica Porto Jofre e uma das sedes da Brigada Alto Pantanal, lançada em 2020 e apoiada pela SOS Pantanal), Corumbá e Ladário.
Leonardo Gomes, diretor de Relações Institucionais da SOS Pantanal, conta que, de acordo com dados dos últimos 30 anos, essas são as regiões que apresentam risco elevado de incêndios:
“Vamos profissionalizar e equipar essas brigadas por meio de um programa que dará suporte para o planejamento e o treinamento na prevenção e no combate ao fogo”.
Artistas e suas obras
As obras – pinturas, esculturas, instalações, serigrafias e fotografias – são assinadas por 41 artistas. São eles:
– Adriana Varejão, Afonso Tostes, Alex Cerveny, Alexandre da Cunha, Ana Maria Tavares, Antônio Malta Campos,
– Araquém Alcântara: a foto doada para o projeto ilustra este post; ele dedicou sua trajetória a fotografar a biodiversidade de biomas como Amazônia e Pantanal,
– Artur Lescher, Caio Reisewitz, Carlito Carvalhosa,
– Dalton Paula: ilustrou livro infantil de Itamar Assumpção, lançado recentemente pela Editora Caixote,
– Daniel Senise, Di Cavalcanti, Elisa Bracher, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Fabrício Lopez, Felipe Cohen, Gerben Mulder, Guga Szabzon, Jac Leirner,
– João Farkas: lançou um livro lindo sobre o Pantanal em 2020, pela Editora Sesc/São Paulo),
– José Bento, Laura Lima, Leda Catunda, Luiz Zerbini, Márcia Xavier, Marcius Galan, Maria Klabin, Marina Saleme, Nuno Ramos, Paloma Bosquê, Paulo Bruscky, Paulo Monteiro, Regina Silveira, Rivane Neuenschwander, Rodrigo Andrade, Santídio Pereira, Sérgio Sister,
– Vik Muniz: produziu obras com lixo reciclável – uma delas doada para este projeto – com a colaboração dos catadores do “finado” aterro do Jardim Gramacho, RJ; esse trabalho foi apresentado no documentário ‘Lixo Extraordinário’ e
– Yuli Yamagata.
As obras – reproduzo algumas no final deste post – estão disponíveis na plataforma do Festival Internacional de Arte de São Paulo, a SP-Arte, e sua venda será conduzida por uma equipe de art advisors. Informacoes adicionais poderão ser obtidas pelo e-mail [email protected]
Vale destacar que a campanha de captação das obras foi organizada em menos de um mês graças à parceria do Documenta Pantanal, sob coordenação de Teresa Bracher e Mônica Guimarães, e da SP-Arte, além das participações voluntárias de Mari Stockler, Fernanda Feitosa, Maguy Etlin, Paula Azevedo e Susana Steinbruch.
Educação ambiental
Para marcar a realização desta linda mobilização, será plantado um bocaiuval na Escola Jatobazinho, que é mantida pelo instituto Acaia Pantanal.
Além disso, ao longo do ano letivo, será realizado um trabalho de educação ambiental com crianças ribeirinhas: tendo as obras doadas como inspiração e referência, elas farão releituras em linguagens artísticas variadas e poderão desenvolver outras atividades.
A seguir, veja algumas das obras à venda para o projeto Artistas pelo Pantanal:
Fonte: Conexão Planeta
Comentários