Um novo estudo publicado na Nature sugere que se a elevação média da temperatura do planeta não ficar limitada a 1,5°C acima da era pré-indústrial, parte da região tropical, onde fica a maior parte do território brasileiro, será inabitável por humanos. Como explica a matéria do Guardian, 1,5°C é o limite para manter a temperatura do bulbo úmido – que é medida com o bulbo do termômetro envolto em um pano úmido para imitar a capacidade dos humanos de resfriar a pele pelo suor – em até 35°C. Acima disso, o corpo fica incapaz de baixar sua temperatura, com consequências potencialmente fatais. “As altas temperaturas corporais são perigosas ou mesmo letais”, disse Yi Zhang, pesquisador da Universidade de Princeton que liderou o novo estudo. Ou seja, a Embrapa pode até desenvolver uma soja mais resistente a temperaturas mais elevadas, mas até agora ninguém conseguiu fazer isso com o corpo humano, que depende da temperatura e da umidade do ar para regular sua temperatura. Detalhe: cerca de 40% da população mundial vivem atualmente em países tropicais e essa proporção deve chegar a metade da população global até 2050 devido à grande proporção de jovens na região. A pesquisa de Princeton foi centrada em latitudes encontradas entre 20 graus ao norte, uma linha que corta o México, Líbia e Índia, até 20 graus ao sul, que passa pelo Brasil, Madagascar e o norte da Austrália.
O número global de eventos de umidade e calor potencialmente fatais dobrou entre 1979 e 2017, segundo a pesquisa, e nas próximas décadas até 3 bilhões de pessoas deverão ser obrigadas a abandonar a faixa histórica de temperatura em que os humanos sobreviveram e prosperaram no passado 6.000 anos. The Independent e o New York Times também noticiaram a pesquisa.
Fonte: ClimaInfo
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