Apesar das muitas dificuldades, que incluem desde as longas distâncias a serem percorridas e a infraestrutura de transporte precária até a informalidade, o açaí e a castanha são os produtos florestais não madeireiros mais importantes para a bioeconomia da Amazônia e garantem a melhoria de renda para muitos comunitários e a formação de uma barreira contra o avanço do desmatamento.
Esses são alguns dos achados de um estudo feito pela H2R Pesquisas sobre as relações de mercado e sustentabilidade nas cadeias do açaí e da castanha, bem como o potencial para a certificação FSC. Para o trabalho, foram feitas entrevistas em profundidade com representantes das duas cadeias, incluindo produtores familiares, cooperativas e indústria.
O manejo florestal responsável do açaí e da castanha carrega uma questão cultural, com um conhecimento adquirido ao longo de séculos de trabalho com colheita de frutos, um aspecto econômico, porque proporciona condições de vida dignas e o desenvolvimento da economia local, e, por fim, um fator de consumo, que é ofertar um produto saudável, rico em proteínas e minerais.
Nesse contexto, as certificações florestais, como o FSC, podem ter um papel significativo entre pequenos produtores, comunitários e povos tradicionais ao fomentar boas práticas de manejo, minimizar o impacto ambiental, melhorar a gestão do negócio e as condições de vida destas populações. A pesquisa revela, ainda, que o FSC leva para os produtores certificados maior controle da produção, declaração de garantia de boa origem de seus produtos, renda melhor para todos os cooperados e minimiza riscos.
Segundo o estudo da H2R, a demanda por produtos orgânicos e sustentáveis está crescendo, com tendências como alimentação saudável, veganismo, slowfood, superalimentos e a indicação de médicos, nutricionistas e influenciadores fitness.
O consumo local, principalmente no norte, de açaí e castanha já é muito relevante, pois são produtos culturalmente tradicionais. A região sudeste é outro grande mercado consumidor, seguido da exportação para os Estados Unidos, Países Baixos, Austrália e Alemanha. Peru e Bolívia também se destacam na aquisição de castanha com casca brasileira, pois possuem robusto mercado para processamento e exportação.
Embora o FSC seja bastante reconhecido para produtos de madeira e papel, isso ainda não acontece para os produtos florestais não madeireiros. Entretanto, a certificação pode ser uma ferramenta importante para levar melhores práticas de manejo e organização social para cooperativas e associações, além de rastreabilidade para a indústria e informação para o consumidor sobre a origem do produto que ele compra.
Com a 2ª maior área de florestas do mundo e mais de 20 milhões de pessoas morando na chamada Amazônia Legal, o Brasil pode conquistar uma posição privilegiada no que diz respeito às boas práticas no setor florestal. Além disso, a promoção do manejo responsável, também entre pequenos e comunitários, não melhora apenas as condições de vida dessas populações, mas contribui para o desenvolvimento do País.
Para superar os desafios do extrativismo e garantir a inclusão desses povos no avanço destes mercados, é necessária uma união de forças entre governo, iniciativa privada, produtores, organizações não governamentais e instituições de educação.
Em dezembro, o FSC Brasil promoveu uma live sobre essa pesquisa e o bate papo gravado está disponível abaixo e no canal do Youtube da organização.
Fonte: Ciclo Vivo
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