A pesca de arrasto – aquela onde barcos soltam, arrastam e recolhem gigantescas redes de pesca – ao raspar o fundo do mar, revolvem sua camada superior, liberando carbono orgânico que é remineralizado na forma de dióxido de carbono (CO2). Um efeito muito parecido com tratores arando e gradeando a terra. Um trabalho que acaba de sair na Nature, dedicado à importância do mundo implantar áreas de preservação marinha, traz uma estimativa da imensa quantidade de CO2 que a pesca de arrasto está liberando. Os autores tomaram o cuidado de dizer que não saberiam dizer quanto deste CO2 acaba indo para a atmosfera. E, ao comentar que a acidificação das águas reduz a capacidade dos oceanos removerem o gás da atmosfera, também foram cuidadosos ao não quantificar o tamanho deste impacto. Mesmo assim, o El País, Financial Times, Reuters, New York Times e a Climate Change News deram destaque à comparação entre essa liberação e as emissões da aviação.
No entanto, a mensagem principal do trabalho é sobre a responsabilidade de os países começarem a cooperar de verdade visando a criação de áreas de proteção marinha em águas internacionais. No mínimo para mitigar o risco dos impactos da exploração predatória dos oceanos destruírem a base das muitas cadeias alimentares, inclusive aquelas de boa parte da humanidade. A BBC e a Sky deram o devido destaque.
Por aqui, o trator de destruição ambiental desse governo avançou mais um passo no começo do ano. O ministro do supremo indicado por Bolsonaro, Nunes Marques, liberou a pesca de arrasto no litoral do Rio Grande do Sul. No mês passado, o Fantástico deu uma matéria sobre a polêmica decisão.
Outro trabalho oceânico recente saiu na PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences). Pesquisadores alertam que as águas mais globalmente quentes dos oceanos começarão reverter o balanço de substâncias destruidoras da camada de ozônio e passar a liberar mais do que atualmente removem. Atualmente, oceanos absorvem e decompõem gases da família dos CFCs, um passo importante para evitar a destruição da camada de ozônio. Saiu um comentário na Scientific American e na E&E News.
Fonte: ClimaInfo
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