Ao ser comunicado de que substituiria Ricardo Salles à frente da pasta de meio ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite recebeu uma ordem do presidente Jair Bolsonaro: “fazer uma boa conferência do clima neste ano”. Essa era a senha, segundo o Valor, para a missão de desfazer a péssima imagem do Brasil no exterior.
Para tanto, Pereira Leite já conversou com o vice-presidente Hamilton Mourão, que lidera o Conselho da Amazônia, e terá reuniões com o Itamaraty esta semana. Mas até agora não deu sinais de que alterará o script “sallesiano”: Pereira Leite também não acredita na efetividade da aplicação de recursos públicos em ações ambientais e quer colocar o setor privado para cuidar da área ambiental. Seus planos incluem a ampliação do portfólio do Floresta+, lançado por Salles para atrair a iniciativa privada, com as versões Floresta+Bioeconomia, Floresta+Comunidade e Floresta+Agro. A mesma criatividade não deverá ser usada para o Fundo Amazônia, que não conta com a simpatia do novo ocupante da pasta. A narrativa do “país que mais preserva” continua a nortear a comunicação enquanto as estruturas de fiscalização permanecem à míngua: o IBAMA, por exemplo, está “esticando” o uso de equipamentos com contrato vencido para evitar apagão na fiscalização de crimes ambientais, segundo o G1. Ao que tudo indica, as diferenças entre Pereira Leite e Salles estão restritas ao grau de estridência.
No blog do IDS no Estadão, André Lima olha para a troca de ministro dentro do contexto das eleições de 2022, lançando luzes sobre as outras peças do tabuleiro, como a ministra da agricultura, pecuária e abastecimento, Tereza Cristina, a deputada Kátia Abreu e os líderes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Para Lima, a proximidade das eleições também ajuda a entender a saída de Salles, de olho na manutenção dos direitos políticos que lhe permitirão concorrer (e se eleger) no próximo ano.
E por falar no ex-ministro: de acordo com a Veja, o Valor e o Poder360, seus advogados apresentaram recurso no Supremo Tribunal Federal para que ele recupere o passaporte. O argumento apresentado: ele não pretende deixar o país, portanto não haveria necessidade de retenção. Mas se ele não pretende deixar o país, por que se preocupar com esse detalhe ao invés de concentrar os esforços de seus advogados com a defesa nas duas frentes de investigação que correm contra ele?
Em tempo: A uma semana da reunião de Cúpula do Mercosul, associações empresariais europeias de vários setores divulgaram um documento conjunto favorável à ratificação do acordo comercial fechado no ano passado entre o bloco e a União Europeia (UE). Elas argumentam que o acordo ajudará a desbloquear o crescimento e contribuir com a superação da crise econômica e de saúde pública que afeta os dois lados do Atlântico. Estadão e Valor trazem mais detalhes.
Fonte: ClimaInfo
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