Ainda falta muito, mas desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, o mundo avançou em soluções e mercados de baixo carbono em um ritmo muito mais rápido do que se imagina. Esta é a conclusão da consultoria SYSTEMIQ, que divulgou ontem (10/12) um relatório sobre o progresso observado nesses cinco anos sob o “Efeito Paris”. De acordo com a análise, impulsionadas pelo regime climático, as soluções de baixo carbono poderão se tornar competitivas até 2030 em setores econômicos que hoje representam quase 3/4 das emissões globais.
Com a expectativa de que a demanda de governos, investidores e consumidores por ação climática aumente ao longo da próxima década, as empresas serão forçadas a acelerar a transição energética. Esse impulso, segundo o relatório, pode criar mais de 35 milhões de empregos em todo o mundo nos próximos anos – algo positivo em um mundo pós-pandemia. Por outro lado, a análise também reforçou que os países e as empresas que se atrasarem nesse processo não só perderão os múltiplos ganhos dessa transformação, mas também correrão o risco de se condenar a um crescimento mais lento, com menos competitividade, produtividade e empregos.
“Sabemos que uma ação inadequada se traduz em risco climático maciço e claro”, argumentou Sir Nicholas Stern, da London School of Economics. Para ele, o relatório evidencia que as economias que fracassarem nessa ação correm risco de ficar para trás na próxima onda de prosperidade. “Essa onda já está ganhando força e se tornará uma força dominante no crescimento e na transformação nesta década. Os formuladores de políticas e investidores sábios buscarão oportunidades, empregos e resiliência que só podem ser alcançados por meio de uma economia com emissões líquidas zero”.
BBC, Business Green, Conversation e Independent abordaram o relatório. O ClimaInfo publicou o sumário executivo do relatório aqui.
Em tempo: Falando em recuperação verde, a diplomata mexicana María Fernanda Espinosa, ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, escreveu no Guardian sobre a importância dos países colocarem a crise climática no centro dos incentivos econômicos para retomada da economia global pós-pandemia. Sobre a agenda climática, ela reforçou que as negociações na COP26 em Glasgow devem girar em torno de três pontos em particular: o alinhamento da recuperação econômica com a ação climática; como os países ricos podem aliviar o peso da dívida e o custo da ação climática por parte dos países pobres e vulneráveis; e como podemos implementar mecanismos para monitorar o progresso das metas climáticas nacionais a partir de 2020.
Fonte: ClimaInfo
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