Wilson Périco(*)
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“Nas favelas, no Senado / Sujeira pra todo lado / Ninguém respeita a Constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação / Que país é este?”
Renato Russo
Hoje ouvi esta canção: “Que país é este?”, do Legião Urbana, um retrato melancólico de um país de ninguém ou dos mais espertos, no pior sentido do termo. Um Brasil e suas instituições que se acomodaram ao arrepio da Lei e da promiscuidade constitucional. Fingem não saber o sentido da Lei para que ela legitime sombrios propósitos!
Prioridades estranhas
O que esperar de um país em que sua Suprema Corte exige averiguar o celular do presidente da República, mas não se interessa em saber quem tentou matá-lo?
Onde governantes impõem o isolamento social para os trabalhadores e as pessoas de bem, mas tira do isolamento os marginais condenados em presídios das ressalvas, dos embargos e das impunidades?
País onde a democracia é o regime em vigor em que, ironicamente, o presidente da Câmara diz que não dará ouvidos ao clamor da sociedade?
O ibope da morte
Um país em que se “enaltecem” as notícias/informações sobre estatísticas das mortes ao invés de celebrar quem se recuperou e sobreviveu?
Um país onde um ex-presidente comemora e dá “graças a Deus” pela pandemia, dizendo que ela ajudará sua “facção” a recuperar o poder, e a Justiça finge que não é com ela?!
Estado de direito ou direito do descaso?
Um país onde outros Poderes da República se preocupam em, tão-somente, desmerecer e diminuir a figura que está no Presidência por escolha popular, desrespeitando a Constituição onde está escrita a equiparação e a autonomia dos três Poderes que respondem pelo Estado de Direito?
Um país em que se tem registros documentados de integrantes do Congresso Nacional “tramando” o caos para deteriorar/desestabilizar o Poder Executivo, diante dos quais a Justiça nada faz?
O caos ou a construção?
Um país em que o desemprego aumenta vertiginosamente, e o governo fala que vai reduzir impostos de importação penalizando quem produz e gera empregos aqui? Por que premiar quem exporta para o Brasil?
E o pior de tudo: que país é este em que, diante da extrema angústia e do sofrimento de sua população, a classe política consegue priorizar o confronto político eleitoral, o embate mesquinho e desvairado pelo poder, assessorada pelas poderosas máquinas de comunicação? “Um nós contra eles que acabará em caos e destruição… Ou será que ainda somos capazes de construir uma grande nação???
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