Raimunda Fátima Ribeiro de Nazaré
Introdução
O setor agroindustrial da Embrapa Amazônia Oriental, teve seus trabalhos iniciados na década de 40, com as pesquisas e processamento de látex e borracha de algumas espécies como: seringueira, mangabeira, caucho, maniçoba e micrandra; estudos químico, micrográfico, identificação e preservação de madeiras da flora amazônica; pesquisas tecnológicas e de composição de oleaginosas amazônicas tais como: ucuúba, dendê e castanha-do-brasil; além de estudos tecnológicos de fibras vegetais e forrageiras na década de 50.
Na década de 60, foram iniciados estudos e pesquisas tecnológicas com frutas regionais e tropicais (conservação de polpas de frutas; fabricação de sucos e néctares; doces cremosos; geléias; conservas em calda e em salmoura). As pesquisas e os processos tecnológicos mais recentes contemplaram a elaboração de frutas cristalizadas; pós solúveis; extração de aroma natural de frutas regionais; o desenvolvimento de produtos de pimenta-do-reino; o aproveitamento de resíduos agroindustriais; a produção de biogás a partir de resíduos da bubalinocultura; produtos derivados do leite de búfala (iogurtes com sabores de frutas regionais; queijos e doce de leite); extração e utilização de corantes naturais e pesquisa química de princípios ativos de plantas medicinais amazônicas.
Baseados na importância dispensada à produção,comercialização e agroindustrialização de frutas regionais e tropicais – inclusive algumas contando com incentivos do governo estadual – foram selecionados o bacuri, hoje bastante trabalhado por microempresas locais no preparo de sorvete, suco, torta, na produção de geléias, balas e compotas, produtos bem aceitos pelo consumidor; o cupuaçu, indiscutivelmente a fruta regional mais importante dos últimos anos, a qual teve sua comercialização durante muitas décadas na forma in natura, e em função da grande demanda, passou a ser comercializado também como polpa congelada e atualmente pode ser adquirido como sorvete, doce, suco, balas (comercializadas em lojas artezanais, supermercados, farmácias, etc.), geléia, compota, salaminho e licor, todos estes produzidos por microempresas artezanais da região. Pode ser mencionado seu expressivo consumo doméstico (no preparo de cremes, suco, cocada, doce e torta) e em sorveterias e lanchonetes (no preparo de suco, sorvete, picolé, torta, balas); a graviola, menos expressiva que o cupuaçu em termos
de oferta, mas com muito boa aceitação para o consumo; e o açaí com um grande consumo regional, substituindo em muitos casos as principais refeições das populações mais carentes (das periferias das cidades amazônicas e as ribeirinhas), e que hoje desponta como uma fruta com facilidade de rompimento da fronteira regional, com um bom início de estabelecimento nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, especialmente consumido sob a forma de suco, como fonte complementar de energia a atletas e frequentadores de academias de ginástica e musculação.
Neste trabalho são apresentados, sob a forma de compilação, os resultados tecnológicos de processos, estabelecidos pelo Setor Agroindustrial da Embrapa Amazônia Oriental, relativos às matérias-primas: bacuri (Platonia insignis Mart.); cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum); graviola (Anona muricata L.) e açaí (Euterpe oleracea Mart.), disponíveis para utilização pelas indústrias do ramo.
Considerações Finais
As frutas pesquisadas apresentaram ótimos resultados sob o ponto de vista de processamento e conservação de néctares, sem o uso de preservativos químicos, garantindo, assim, o êxito da tecnologia empregada.
As amêndoas de cupuaçu, após as etapas de preparo, submetidas ao processo e formulação para cupulate, fornecem o produto em tabletes meio-amargo, ao leite e branco, organoleticamente semelhante àquele obtido a partir de amêndoas de cacau;
Considerando as variáveis que influem mais diretamente na aceitação ou não dos produtos pelo consumidor, quais sejam: sabor, cor e odor e não havendo diferença significativa detectada pela análise estatística dos dados entre os produtos e tipos, conclui-se que as amêndoas de cupuaçu apresentam potencial de emprego na obtenção de produto similar ao chocolate;
Os custos dos ingredientes para a obtenção de uma tonelada de cupulate dos tipos meio-amargo, ao leite e branco são, respectivamente, 16%; 24% e 10% mais baixos que os necessários à produção dos mesmos tipos de chocolate.
No fluxo do processamento foram determinados os seguintes dados: rendimento do vinho, calculado sobre o açaí fruto (70,17%); material retido durante a centrifugação do vinho (11,24%); rendimento em pó, calculado sobre o vinho (5,63%); rendimento em pó, calculado sobre o vinho centrifugado (6,35%) e rendimento em pó, calculado sobre o açaí fruto (3,50%). Com 60g de pó de açaí pode-se recompor um litro de “vinho” ou suco.
Fonte: NAZARÉ, R.F.R. de. Produtos agroindustriais de bacuri, cupuaçu, graviola e açai, desenvolvidos pela Embrapa Amazônia Oriental. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2000. 27p. (Embrapa Amazônia Oriental, 41).
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