Pela 1ª vez, a maioria dos membros do Parlamento Europeu se posicionou contra a aprovação do acordo comercial com o Mercosul. Isso se deu ontem (7/10), a partir da votação de uma emenda a um relatório sobre política comercial do bloco, que incluiu a observação – aprovada pelos parlamentares – de que “o acordo UE-Mercosul não pode ser ratificado na sua forma atual”.
A emenda original mencionava preocupação com a política ambiental implementada por Jair Bolsonaro no Brasil, mas uma articulação de partidos de direita e de extrema-direita conseguiu derrubar essa citação no texto aprovado. A votação não significa um veto ao acordo com o Mercosul – já que o texto ainda não foi oficialmente apresentado ao Parlamento Europeu – mas é uma sinalização relevante, já que indica que a maioria dos eurodeputados não está disposto a aprová-lo.
Um dia antes, o Greenpeace Brasil e a ONG Fase apresentaram um relatório sobre os impactos potenciais da implementação do acordo Mercosul-UE sobre os Direitos Humanos e o meio ambiente na América do Sul. Destacado pelo Valor, o documento sugere que a intensificação das trocas comerciais resultará em mais pressão sobre biomas como Amazônia, Cerrado e Chaco, além de ampliar os riscos de contaminação por agrotóxico e intensificar conflitos fundiários com populações tradicionais.
Folha, Valor e Veja repercutiram a decisão do Parlamento Europeu.
Em tempo: Segue o tiroteio diplomático entre Brasil e Reino Unido, motivado pela disposição do governo britânico em impor regras mais rígidas para impedir a entrada de produtos associados ao desmatamento ilegal em seu mercado. Em reação a pressão de grandes empresas em favor do endurecimento desses critérios, um porta-voz do gabinete de Boris Johnson afirmou que o Brasil tem as leis necessárias para proteger a floresta e evitar a contaminação de cadeias de commodities por produtos decorrentes de crimes ambientais – basta que o próprio governo brasileiro as aplique. Folha e Valor também informaram sobre a fala do porta-voz britânico.
Fonte: ClimaInfo
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