Hariele Quara
Especial para o Brasil Amazônia Agora
“Não pode e não está existindo nenhum tipo de discussão entre salvar vidas e salvar as empresas, entre salvar vidas e salvar economia”. A declaração é do presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, por meio de vídeo postado na noite desta terça-feira, 30, nas redes sociais.
“Isso é papel do governo federal”, pontuou Périco, ao destacar que, com medidas semelhantes às tomadas em período de guerra, cabe ao governo federal empenhar recursos disponíveis para socorrer a economia, as empresas e, consequentemente, os empregos.
Na análise do presidente do Cieam, a equipe econômica do governo vem se mostrando mais flexível e que pode implementar ações semelhantes a outros países no sentido de investir até 10% de seus PIBs para socorrer o mercado e a população.
Cenário da indústria local
“Nós temos hoje perto de 15 empresas com férias coletivas ou paralisação parcial de suas produtividades, algumas delas por conta da falta de insumos da China, o que já era previsto”, pontuou Wilson Périco.
Outras empresas, devido à parada do comércio em muitas cidades do país, a entrada de mercadorias vem se restringindo a produtos essenciais, causando excedente de estoques.
Fato positivo
Apenas um caso de coronavírus foi confirmado no Polo Industrial, segundo o presidente. “[Trata-se] de um funcionário da área administrativa, que foi detectado com elevação de temperatura quando chegou a fábrica, dentro do procedimento, implementado pela empresa, e não houve nenhum outro tipo de contaminação”, explicou.
Outro caso, não confirmado, é de um agente de segurança noturno, detectado com alta temperatura na entrada do expediente, que foi afastado, porém, não se trata de um caso confirmado.
“Não temos nenhum caso nas linhas de produção, o que mostra que as medidas tomadas implementadas pelas indústrias foram efetivas na questão de evitar uma contaminação dentro do ambiente fabril.”
Ações de apoio
Périco destacou as ações que a indústria vem implementando no combate ao vírus. “As máscaras e as viseiras estão em produção e já estão sendo distribuídas aos postos e hospitais, inclusive para o Exército. Álcool em gel nós estamos produzindo e conseguimos mandar para Roraima uma quantidade”, comentou.
Outra ação em andamento é a produção de um protótipo de respiradores. “Ainda não conseguimos produzir o protótipo, mas temos outras entidades, como a UEA [Universidade do Estado do Amazonas], que também tem um outro projeto.”
Projeto coordenado por universidades do Rio de Janeiro e de São Paulo foram mencionados pelo presidente. “Eu espero que uma solução apareça para que nós possamos produzir esses respiradores que vão ajudar a dar o devido atendimento às pessoas que precisarem do atendimento”.
Périco encerrou a declaração de cerca de sete minutos dizendo quais pedidos faria se tivesse uma “lâmpada mágica”: celeridade e determinação na implementação de medidas econômicas pelo governo, celeridade das universidades e institutos federais na criação de respiradores para produção e – em um apelo à sociedade – que se adotem medidas de prevenção, isolamento social e proteção aos grupos de risco nesta fase crucial de contágio da doença.
“Nosso sistema de saúde não está preparado para atender uma grande quantidade de pessoas em estado crítico. Nós temos que preparar esse sistema de saúde para dar o devido atendimento às pessoas e a nossa parte como cidadão para contribuir é esta: permanecer o máximo possível sem aglomeração.”
“Eu tenho certeza e sei dos desafios que estamos passando, estou certo também que esse momento vai ser superado e nós sairemos muito mais fortalecidos como sociedade, como estado e como país”, finalizou.
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