A versão preliminar do Plano Decenal de Energia 2030 (PDE) entrou em consulta pública nesta 2ª feira (14/12). Segundo a Reuters, a proposta prioriza investimentos em novas fontes renováveis, além de térmicas a gás natural, em detrimento às hidrelétricas na próxima década.
O plano prevê crescimento de quase 2,4 gigawatts (GW) por ano em potência instalada de usinas eólicas e de 731 megawatts (MW) nas solares, o que faria essas fontes somarem capacidade adicional de cerca de 15,5 GW entre 2026 e 2030. Já a capacidade de geração por novas usinas termelétricas flexíveis pode chegar perto: 12,3 GW ao longo do período, com instalação de 2 a 3 GW por ano. O texto sugere que os aportes em novas usinas, linhas e subestações podem ser impactados significativamente pelos efeitos econômicos da pandemia no Brasil.
É interessante comparar com o PDE do ano passado. Em seu cenário de referência, ele previa um consumo 8% maior em 2029 do que o PDE atual, e essa queda aparece numa expansão menor em quase todas as fontes. A única cujo consumo aumenta em relação ao projetado no ano passado é o do gás natural.
No que tange ao clima, as emissões do setor energético seguem em tendência de alta no novo PDE. Em 2005 (ano base da NDC), as emissões foram de 317 MtCO2e e a projeção para 2030 é de 484 MtCO2e. Isto representa um aumento de mais de 50% – exatamente no sentido oposto ao dos esforços mundiais. Portanto, senhoras e senhores, nosso problema não é só o desmatamento.
Esta é a primeira vez que a EPE inclui a incineração de lixo como fonte e, ainda por cima, a classifica como “renovável”. Vários grupos sociais lutam contra estas tecnologias, dado seu impacto à saúde, por irem no sentido contrário de uma economia circular e por criarem um lock-in nos municípios, que se comprometem a entregar uma quantidade mínima de lixo durante muito tempo, desincentivando programas de reciclagem.
A consulta vai até 13 de janeiro.
Fonte: ClimaInfo
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